Dengue tipo 3
Após 17 anos, o sorotipo 3 da dengue (DENV-3) ressurgiu no Brasil, o que deverá agravar novos surtos da doença no país porque a população não está imunizada contra essa linhagem, que agora passa a conviver com os sorotipos 1 e 2 (DENV-1 e DENV-2).
"A última epidemia significativa de DENV-3 no Brasil ocorreu há mais de 15 anos [em 2007]. Já os sorotipos DENV-1 e DENV-2 continuam circulando continuamente pelo país. Se o sorotipo 3 se estabelecer novamente e prevalecer esse quadro [de cocirculação de variantes], isso pode levar a formas severas de uma epidemia de dengue. É exatamente essa situação que estamos vivendo neste momento em São José do Rio Preto [SP]," disse o professor Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).
A cidade do interior paulista tem experimentado circulação endêmica de dengue nas últimas décadas, caracterizada por surtos causados por diferentes sorotipos virais. Há 20 anos, os pesquisadores vêm realizando a vigilância genômica e epidemiológica da dengue e de outras arboviroses na região.
O último surto de dengue no Brasil, em 2021, foi causado por DENV-1, cuja infecção sequencial com DENV-3 demonstrou estar associada ao aumento da gravidade durante uma epidemia de dengue, apontaram estudos realizados por outros cientistas.
"A temperatura média anual em São José do Rio Preto é de pouco mais de 25 graus e chove aproximadamente 2 mil milímetros por ano. Essa combinação de tempo quente e úmido cria condições ideais para a formação de reservatórios de mosquitos transmissores de arbovírus e um local propício para o monitoramento genômico e epidemiológico de arboviroses, como a dengue. E, como trabalhamos aqui há muito tempo, conseguimos fazer inferências epidemiológicas melhores," disse Maurício.
Necessidade de vigilância ativa
A análise do genoma e da filogenia dos vírus nas amostras de sangue de pacientes com febre aguda mostraram que eles pertencem à mesma linhagem identificada na Flórida, nos Estados Unidos, e na região do Caribe, e é diferente das cepas de DENV-3 que circularam no Brasil durante os anos 2000.
Isso indica que o surto de DENV-3 na região do Caribe e na Flórida entre 2022 e 2024 provavelmente contribuiu para a introdução e disseminação do vírus por todo o país.
"Isso demonstra a necessidade da vigilância molecular e genômica de sorotipos circulantes de dengue para os esforços de preparação e resposta de saúde pública para o surgimento de casos da doença," disse Maurício.
A transmissão da dengue é generalizada em regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo. No entanto, as áreas de risco se expandiram nas últimas décadas, principalmente devido às mudanças climáticas e à expansão da distribuição do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. O Brasil é o país mais afetado nas Américas.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Epidemias | Vírus | Saúde Pública | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2025 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.