Vacina do Butantan contra dengue grave tem 89% de proteção

A vacina contra a dengue vem sendo desenvolvida há 10 anos.
[Imagem: José Felipe Batista e Renato Rodrigues/Butantan]

Imunização forte e duradoura

As notícias não poderiam ser melhores: A vacina contra a dengue desenvolvida no Instituto Butantan apresentaram uma proteção elevada (89%) contra a dengue grave, e essa proteção durou por até cinco anos após a aplicação.

Estes são os resultados do ensaio clínico de fase 3 da vacina, que acabam de ser divulgados em uma publicação científica.

Estes novos dados confirmam análises anteriores, feitas com dois anos de acompanhamento, e atestam a segurança da vacina para pessoas de 2 a 59 anos de idade, independentemente do histórico de infecção prévia de dengue - outra vacina contra a dengue grave só é adequada para indivíduos que não tenham sido infectados com o vírus antes da vacinação.

O ensaio envolveu a imunização de 16 mil voluntários que entraram no estudo entre fevereiro de 2016 e julho de 2019. Foram consideradas análises feitas até 13 de julho de 2021, resultando em uma média de 3,7 anos de acompanhamento. Nesse período, o risco de dengue sintomática foi maior no grupo que recebeu placebo do que nos vacinados. A eficácia da vacina contra a dengue grave ou com sinais de alerta foi de 89%.

Já a eficácia geral contra a dengue sintomática foi de 67,3%, sendo 75,8% para o sorotipo DENV-1 e 59,7% para DENV-2. Não foram detectadas infecções por DENV-3 e 4 no período de estudo. De acordo com a série histórica do Ministério da Saúde, entre 2017 e 2018 (primeiros dois anos de seguimento), houve uma queda nos casos de dengue, seguida por um surto de 1,5 milhão de casos em 2019. Mesmo durante o pico de casos, o imunizante conseguiu fornecer proteção contra a doença.

"É esperado de qualquer vacina que os anticorpos caiam com o tempo, o que não significa que o imunizante deixe de proteger contra a doença de maneira significativa. Trata-se de uma resposta natural do sistema imune, e a queda foi dentro do esperado para o tempo do estudo," ressaltou Fernanda Boulos, do Instituto Butantan.

O esquema de dose única oferecido pelo imunizante também deverá facilitar a adesão e a logística de vacinação, enquanto outros imunobiológicos disponíveis no mercado necessitam de duas a três doses.