02/01/2025

Por que as pessoas se lembram de certas coisas e não de outras?

Redação do Diário da Saúde
Por que as pessoas se lembram de certas coisas e não de outras?
Visão holística do processamento hierárquico na memória episódica. A) Hierarquia proposta de processamento do conteúdo da memória episódica do neocórtex ao hipocampo, incorporando o porquê como contexto. B) Regiões cerebrais conhecidas por estarem envolvidas no processamento do quê, onde, quando e por quê da memória.
[Imagem: Fernanda Morales-Calva et al. - 10.3758/s13415-024-01234-4]

Por que me lembro disso?

Exatamente por que as pessoas se lembram do que se lembram - e não de outras coisas ou de todos os eventos que lhes aconteceram?

Fernanda Calva e Stephanie Leal, da Universidade Rice (EUA) saíram em busca da resposta a essa pergunta, e foram procurar em todos os artigos científicos já publicados sobre o assunto - esse tipo de pesquisa é chamado de estudo de revisão.

Elas usaram os resultados dessas pesquisas anteriores para criar uma análise abrangente das "três questões" da memória - o que, onde e quando nos lembramos - para tentar responder à questão central de por que as pessoas se lembram.

As pesquisadoras exploraram especificamente como o significado emocional, a relevância pessoal e as diferenças individuais moldam a retenção da memória - a chamada memória episódica.

De fato, os dados mostram que as memórias são frequentemente moldadas pelo conteúdo emocional, pelo significado pessoal, pela repetição e pela atenção - por exemplo, é mais provável que os indivíduos se lembrem de eventos com profunda ressonância emocional ou de detalhes nos quais tenham-se concentrado ativamente, com interesse.

No entanto, o que lembramos também é influenciado por fatores como o local onde o evento aconteceu. O que é conhecido como memória espacial é frequentemente estudado em animais, e as pesquisadoras afirmam que este é também um aspecto importante do que lembramos e que se aplica às experiências humanas - novos ambientes exigem maior atenção e, portanto, promovem memórias mais fortes quando comparados com ambientes familiares e rotineiros.

Por fim, o momento em que o evento ocorre faz diferença naquilo que as pessoas lembram. A maneira como os indivíduos sequenciam os eventos e reconhecem as transições entre eles desempenha um papel crítico nas memórias. Eventos específicos são frequentemente compartimentados em episódios distintos e, portanto, podem ser mais fáceis de serem lembrados.

Por que as pessoas se lembram de certas coisas e não de outras?
A lembrança não ocorre no vácuo, sendo influenciada pelos detalhes sensoriais e perceptivos de um evento, pela ordem e duração dos eventos, e pela localização e navegação, com um impulsionador chave da memória episódica sendo a relevância e o significado pessoal, ou o contexto, do evento.
[Imagem: Fernanda Morales-Calva et al. - 10.3758/s13415-024-01234-4]

Memória como questão pessoal

Mas o assunto é amplo. Além das três questões fundamentais - o quê, onde e quando da memória - as circunstâncias individuais, incluindo diferenças culturais, pessoais e cognitivas, podem ter um impacto significativo na forma como os indivíduos se lembram.

"A memória não é um fenômeno 'tamanho único'," compara Fernanda. "O que é memorável para uma pessoa pode ser totalmente esquecível para outra, dependendo de sua formação única e de suas prioridades cognitivas."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Tell me why: The missing w in episodic memorys what, where and when
Autores: Fernanda Morales-Calva, Stephanie L. Leal
Publicação: Cognitive Affective & Behavioral Neuroscience
DOI: 10.3758/s13415-024-01234-4
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