24/12/2024

Novas regras do sistema imunológico revolucionarão tratamento de doenças inflamatórias

Redação do Diário da Saúde
Descoberta de
As células T reguladoras migram de tecido para tecido através do sangue, viajando em alta velocidade, levando apenas alguns minutos para percorrer todo o corpo. Em seguida, elas descem lentamente até entrarem em um tecido, passando em média três semanas dentro do tecido antes de voltarem à circulação.
[Imagem: Equinox Graphics]

Batalhão de glóbulos brancos

Cientistas descobriram que um dos tipos de glóbulo branco, uma célula do sistema imunológico chamada célula T reguladora, não funciona como uma célula individual, mas forma uma espécie de batalhão, que se move constantemente por todo o corpo procurando e reparando tecidos danificados.

Isto derruba a teoria tradicional de que as células T reguladoras existem como múltiplas populações especializadas e restritas a partes específicas do corpo.

Além disso, a descoberta tem implicações para o tratamento de muitas doenças diferentes porque quase todas as doenças e lesões acionam o sistema imunológico do corpo.

Por exemplo, os medicamentos anti-inflamatórios atuais espalham-se por todo o corpo, não sendo capazes de ir apenas à parte que necessita de tratamento. Mas esta descoberta significa que pode ser possível interromper a resposta imunológica do corpo e reparar danos em qualquer parte específica do corpo, sem afetar o resto, evitando efeitos colaterais indesejados.

Outra possibilidade é que, direcionando o medicamento é possível usar doses mais elevadas e mais específicas, tratando as doenças de modo mais intensiva e com resultados mais rápidos.

"Descobrimos novas regras para o sistema imunológico. Este 'exército unificado de curadores' pode fazer tudo - reparar músculos lesionados, fazer com que as células adiposas respondam melhor à insulina, regenerar os folículos capilares. E pensar que poderemos usar isto em uma enorme gama de doenças é fantástico: Isto tem potencial para ser usado para quase tudo," disse o professor Adrian Liston, da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

Trocando a marreta por um bisturi

Para chegar a essa descoberta, os pesquisadores analisaram as células T reguladoras presentes em 48 tecidos diferentes do corpo de camundongos, o que revelou que as células não são especializadas ou estáticas, mas movem-se através do corpo até onde são necessárias.

Eles então usaram um fármaco preliminar, ainda não aprovado, para testar o potencial da descoberta, e confirmaram que é possível atrair células T reguladoras para uma parte específica do corpo, aumentar o seu número e ativá-las para desligar a resposta imunológica e promover a cura em apenas um órgão ou tecido.

"Agora que sabemos que essas células T reguladoras estão presentes em todo o corpo, em princípio podemos começar a fazer tratamentos de supressão imunológica e regeneração de tecidos direcionados a um único órgão - uma grande melhoria em relação aos tratamentos atuais, que são como atingir o corpo com uma marreta," disse Liston.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The tissue-resident regulatory T cell pool is shaped by transient multi-tissue migration and a conserved residency program
Autores: Oliver T. Burton, Orian Bricard, Samar Tareen, Vaclav Gergelits, Simon Andrews, Laura Biggins, Carlos P. Roca, Carly Whyte, Steffie Junius, Aleksandra Brajic, Emanuela Pasciuto, Magda Ali, Pierre Lemaitre, Susan M. Schlenner, Harumichi Ishigame, Brian D. Brown, James Dooley, Adrian Liston
Publicação: Immunity
DOI: 10.1016/j.immuni.2024.05.023
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