Fisiologia e emocional interligados
Em um novo estudo sem precedentes, pesquisadores demonstraram que neurotransmissores no cérebro humano são liberados durante o processamento do conteúdo emocional da linguagem, fornecendo novos insights sobre como as pessoas interpretam o significado das palavras.
É uma pesquisa inédita de como os neurotransmissores - parte da nossa fisiologia química e comum no reino animal - processam o conteúdo emocional da linguagem, uma função exclusivamente humana. Os resultados oferecem uma compreensão mais profunda de como a linguagem influencia as escolhas humanas e a saúde mental.
Assim, a pesquisa faz a ponte entre o biológico e o simbólico, conectando processos neurais eventualmente desenvolvidos visando nossa sobrevivência, mas que, ao longo das eras, está agora na base da riqueza da comunicação e da emoção humanas.
"A crença comum sobre substâncias químicas cerebrais, como dopamina e serotonina, é que elas enviam sinais relacionados ao valor positivo ou negativo das experiências," disse o professor Pendleton Montague, da Universidade de Tecnologia da Virgínia (EUA). "Nossas descobertas sugerem que esses compostos químicos são liberados em áreas específicas do cérebro quando processamos o significado emocional das palavras. Mais amplamente, nossa pesquisa apoia a ideia de que os sistemas cerebrais que evoluíram para nos ajudar a reagir a coisas boas ou ruins em nosso ambiente também podem desempenhar um papel na maneira como processamos as palavras, que são igualmente importantes para a nossa sobrevivência."
Medição dos neurotransmissores
As medições neuroquímicas foram realizadas em pacientes submetidos a cirurgia de estimulação cerebral profunda para tratamento de tremor essencial ou para implantação cirúrgica de eletrodos para monitorar convulsões em pacientes com epilepsia. Os procedimentos têm como alvo regiões cerebrais distintas: o tálamo e o córtex cingulado anterior, respectivamente.
Durante o procedimento, a equipe mostrou palavras carregadas de emoção em uma tela, ao mesmo tempo em que faziam medições usando eletrodos de fibra de carbono no tálamo, junto com eletrodos tradicionais de platina-irídio no córtex cingulado anterior.
Os pesquisadores descobriram que palavras - positivas, negativas ou neutras - modulam a liberação dos neurotransmissores. Ao medir a dinâmica da liberação, com precisão inferior a um segundo, eles identificaram padrões distintos ligados ao tom emocional, regiões anatômicas e qual hemisfério do cérebro estava envolvido.
"O resultado surpreendente veio do tálamo," disse William Howe, membro da equipe. "Não se pensava que essa região tivesse um papel no processamento da linguagem ou do conteúdo emocional, mas vimos mudanças nos neurotransmissores em resposta a palavras emocionais. Isso sugere que mesmo regiões do cérebro não tipicamente associadas ao processamento emocional ou linguístico ainda podem ser privadas dessa informação. Por exemplo, partes do cérebro responsáveis pela mobilização do movimento podem se beneficiar do acesso a informações emocionalmente significativas para orientar o comportamento."
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