03/01/2025

Medicamentos para próstata protegem contra demência

Redação do Diário da Saúde
Medicamentos para próstata protegem contra demência

Efeito colateral bem-vindo

Medicamentos comumente usados para tratar o aumento da próstata também podem reduzir o risco de demência com corpos de Lewy.

Esta descoberta observacional pode parecer surpreendente, mas vem confirmar observações anteriores da mesma equipe, na Universidade de Iowa (EUA), que associa os medicamentos a um efeito protetor em outra condição neurodegenerativa, a doença de Parkinson.

Os pesquisadores acreditam que um efeito colateral específico dos medicamentos contra próstata aumentada atinge uma falha biológica compartilhada tanto pela demência com corpos de Lewy quanto pela doença de Parkinson, bem como por outras doenças neurodegenerativas.

Assim, essa é uma descoberta que abre a possibilidade de que os mesmos medicamentos, já aprovados e disponíveis comercialmente, possam ter potencial para o tratamento de uma vasta gama de condições neurodegenerativas, a maioria das quais não possui tratamentos específicos eficazes.

"Doenças como a demência com corpos de Lewy, ou a doença de Parkinson, ou a doença de Alzheimer, são debilitantes e não temos realmente bons tratamentos que possam modificar a progressão da doença. Podemos tratar os sintomas, mas não podemos realmente retardar a doença," explica o professor Jacob Simmering.

"Uma das coisas mais interessantes sobre este estudo é que encontramos o mesmo efeito neuroprotetor que vimos na doença de Parkinson. Se houver um mecanismo protetor amplo, esses medicamentos poderiam ser potencialmente usados para controlar ou prevenir outras doenças neurodegenerativas," completou.

Tratamentos para próstata aumentada

Os pesquisadores usaram um grande banco de dados de informações de pacientes para identificar mais de 643.000 homens sem histórico de demência com corpos de Lewy que estavam iniciando um dos seis medicamentos usados para tratar a hiperplasia prostática benigna (próstata aumentada).

Três dos medicamentos - terazosina, doxazosina e alfuzosina (Tz/Dz/Az) - apresentaram um efeito colateral inesperado: Eles aumentam a produção de energia nas células cerebrais. E estudos pré-clínicos já indicavam que esta capacidade pode ajudar a retardar ou prevenir doenças neurodegenerativas como Parkinson e Lewy.

Os outros medicamentos, a tansulosina e dois inibidores da 5-alfa-redutase (5ARIs) chamados finasterida e dutasterida, não aumentam a produção de energia no cérebro e, portanto, fornecem uma boa comparação para testar o efeito dos medicamentos Tz/Dz/Az.

"Descobrimos que os homens que tomavam medicamentos Tz/Az/Dz tinham menos probabilidade de desenvolver um diagnóstico de demência com corpos de Lewy," contou Simmering. "No geral, os homens que tomam medicamentos do tipo terazosina tiveram um risco cerca de 40% menor de desenvolver um diagnóstico dessa demência, em comparação com os homens que tomam tansulosina, e uma redução de cerca de 37% no risco em comparação com os homens que tomam cinco inibidores da alfa redutase."

Entretanto, não houve uma diferença estatisticamente significativa no risco entre os homens que tomaram tansulosina e inibidores da 5-alfa redutase.

O estudo incluiu apenas homens porque os medicamentos são prescritos para problemas de próstata, o que significa que os pesquisadores ainda não sabem se os resultados se aplicariam às mulheres, mas eles pretendem pesquisar isto no futuro.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Association of Terazosin, Doxazosin, or Alfuzosin Use and Risk of Dementia With Lewy Bodies in Men
Autores: Alexander Hart, Georgina Aldridge, Qiang Zhang, Nandakumar S. Narayanan, Jacob E. Simmering
Publicação: Neurology
Vol.: 103 (2)
DOI: 10.1212/WNL.0000000000209570
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