09/10/2024

Humanos são ótimos em viajar para o passado, mas não para o futuro

Redação do Diário da Saúde

Viagem no tempo

Não conseguimos viajar no tempo, ainda que as equações da física funcionem igualmente caso o tempo esteja indo como normalmente faz, rumo ao futuro, ou retornando rumo ao passado.

Mas o ser humano não parece funcionar como uma equação, tendo uma capacidade muito melhor de olhar para o passado do que para o futuro.

Já foram feitas muitas pesquisas que concluíram que os humanos geralmente são igualmente bons em adivinhar sobre o passado e o futuro. No entanto, essas pesquisas se basearam em sequências muito simples de números, imagens ou formas, e não em cenários mais realistas.

Em um experimento inovador e criativo, pesquisadores descobriram que, se você começar a assistir a um filme do meio sem saber o enredo, irá se sair melhor se tentar adivinhar o que aconteceu antes do que em prever o que irá acontecer a seguir.

"Eventos na vida real têm associações complexas relacionadas ao tempo que não foram tipicamente capturadas em trabalhos anteriores, então queríamos explorar como as pessoas fazem inferências em situações que lembram mais a vida cotidiana," disse o professor Jeremy Manning, da Universidade Dartmouth (EUA). "Experiências da vida real, diferentemente de sequências abstratas, frequentemente incluem outras pessoas."

Os participantes foram consistentemente melhores em adivinhar o que tinha acontecido antes de uma cena que acabaram de assistir do que em adivinhar o que aconteceria em seguida.

Para os humanos, é muito mais natural viajar para o passado do que para o futuro
Viagem no tempo virtual ajuda a superar traumas.
[Imagem: Mel Slater/Icrea/UCL]

Temos mais informações sobre o passado

Os pesquisadores descobriram que as inferências dos voluntários foram fortemente influenciadas por referências a eventos específicos passados e futuros nas conversas dos personagens.

Assim como acontece com as pessoas na vida real, os personagens dos filmes frequentemente falavam sobre suas experiências passadas e planos futuros. Como os personagens tendiam a falar mais sobre seus passados do que sobre seus planos, os participantes tinham mais pistas para trabalhar para fazer inferências sobre eventos passados do que futuros.

Para determinar se esse padrão de falar mais sobre o passado se estende a outras conversas também, a equipe analisou milhões de diálogos em romances, filmes e programas de televisão e confirmaram que, como esperado, pessoas reais e personagens fictícios tendem a falar mais sobre seus passados do que sobre seus futuros.

Embora possamos fazer planos para o futuro, nossas memórias só nos contam sobre nosso passado. Assim como pessoas reais se lembram de suas experiências anteriores, mas não daquelas do futuro, o mesmo acontece com personagens fictícios, talvez em um esforço dos escritores para ajudá-los a parecer realistas.

"Nossos resultados mostram que, em média, as pessoas falam uma vez e meia mais sobre o passado do que sobre o futuro," disse Manning. "E isso parece ser uma tendência geral na conversação humana."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Temporal asymmetries in inferring unobserved past and future events
Autores: Xinming Xu, Ziyan Zhu, Xueyao Zheng, Jeremy R. Manning
Publicação: Nature Communications
Vol.: 15, Article number: 8502
DOI: 10.1038/s41467-024-52627-5
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