Nobel de Medicina premia descoberta do microRNA

Victor Ambros e Gary Ruvkun, ganhadores do Nobel de Medicina ou Fisiologia de 2024.
[Imagem: Niklas Elmehed/Nobel Prize]

microRNA

O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2024 foi dividido por Victor Ambros e Gary Ruvkun pela descoberta do microRNA e seu papel na regulação gênica. Os artigos que divulgaram a descoberta foram publicados em 1993.

O professor Victor Ambros, de 70 anos, atualmente trabalha na Universidade de Massachusetts (EUA). O professor Gary Ruvkun, de 72 anos, trabalha no Hospital Geral de Massaschusetts (EUA).

Os microRNA representam uma classe até então desconhecida de pequenas moléculas de RNA que desempenham um papel crucial na regulação genética.

Sua descoberta, feita no pequeno verme C. elegans, revelou um princípio completamente novo da regulação dos genes, um princípio que se revelou como essencial para os organismos multicelulares, incluindo os humanos.

As informações armazenadas em nossos cromossomos podem ser comparadas a um manual de instruções para todas as células do nosso corpo. Cada célula contém os mesmos cromossomos, então cada célula contém exatamente o mesmo conjunto de genes e exatamente o mesmo conjunto de instruções.

No entanto, diferentes tipos de células, como células musculares e nervosas, têm características muito distintas. Como essas diferenças surgem? A resposta está na regulação genética, que permite que cada célula selecione apenas as instruções relevantes. Isso garante que apenas o conjunto correto de genes esteja ativo em cada tipo de célula.

Ambros e Ruvkun estavam interessados justamente em como diferentes tipos de células se desenvolvem. Foi quando eles descobriram o microRNA, uma nova classe de pequenas moléculas de RNA que desempenham um papel crucial na regulação dos genes. Sua descoberta inovadora revelou um princípio completamente novo de regulação - hoje se sabe que o genoma humano codifica mais de mil microRNAs.

O desenvolvimento das vacinas de microRNA foi premiado no ano passado. Mas faltava homenagear quem descobriu o microRNA.
[Imagem: Mattias Karlén/Nobel]

Enigmas genéticos

Além do mapeamento de novos microRNAs, as pesquisas desde então elucidaram os mecanismos de como os microRNAs são produzidos e entregues a sequências-alvo complementares, na forma de mRNAs regulados. A ligação do microRNA leva à inibição da síntese de proteínas ou à degradação do mRNA.

Curiosamente, um único microRNA pode regular a expressão de muitos genes diferentes e, inversamente, um único gene pode ser regulado por vários microRNAs, coordenando e ajustando redes inteiras de genes - existe até um processo de criação de novos genes.

Depois do sucesso das vacinas de mRNA, que ganharam o Nobel do ano passado, hoje há esperança até mesmo de um tratamento universal contra vírus usando os mRNA.