Você (também) fica entediado nas suas práticas espirituais?

Bocejar na igreja não é incomum, mas pode significar que você está perdendo o ponto principal da prática religiosa.
[Imagem: Mirko Sajkov/Pixabay]

Tédio espiritual

Geralmente consideramos práticas espirituais fontes de paz e de inspiração.

Mas psicólogos acabam de demonstrar que essas práticas também podem ser vivenciadas de forma diferente: Muitas pessoas se sentem entediadas durante suas celebrações - e isso pode ter consequências de longo alcance.

Embora o tédio seja um assunto muito pesquisado no momento, esse "tédio espiritual", ou tédio durante as práticas espirituais, sobretudo em religiões institucionalizadas, não é assunto que se encontre facilmente na literatura científica.

Thomas Goetz e colegas das universidades de Viena (Áustria) e Essex (Reino Unido) decidiram abordar esse "ponto cego" e ficaram surpresos ao descobrir que o tédio ocorre com frequência durante a prática espiritual - e pode ter um efeito prejudicial claro.

Definição de tédio

A equipe definiu o tédio como uma emoção desagradável e aversiva caracterizada por percepção de tempo alterada, pensamentos errantes e o desejo de escapar da situação atual. E então o mediu nas práticas espirituais usando uma abordagem chamada teoria do valor de controle (ou teoria de controle-valor).

Essa teoria postula que o tédio é impulsionado principalmente por dois fatores: Percepção do controle sobre a atividade em andamento e o valor subjetivo que atribuímos a essa atividade.

"O tédio se desenvolve quando nos sentimos desafiados demais ou pouco desafiados por uma atividade ou tarefa - um sinal de um nível inadequado de controle. E também se desenvolve quando consideramos o valor da atividade baixo," detalhou Goetz.

Tédio nas celebrações religiosas

Em um estudo em larga escala, analisando cinco contextos espirituais típicos (ioga, meditação, retiros silenciosos, sermões católicos e peregrinações), os pesquisadores entrevistaram mais de 1.200 adultos.

Os resultados mostram que os gatilhos centrais do tédio espiritual são o sentimento de ser desafiado demais ou pouco desafiado, bem como a falta de relevância pessoal para aqueles que praticam a atividade espiritual.

Ambos têm um efeito negativo na motivação e na atenção plena durante a prática e podem diminuir seriamente seu efeito positivo.

"Nossa pesquisa mostra que o tédio em contextos espirituais pode representar um sério obstáculo, [um obstáculo] que reduz o poder transformador dessas práticas," disse Goetz.