Punição altruísta
Como você reagiria se alguém furasse a fila atrás de você? Algumas pessoas alertarão os espertinhos para seguirem as regras, mesmo que isso não as afete. Isso é conhecido como punição altruísta, o ato de punir outras pessoas por comportamento egoísta sem benefício próprio.
Estudos anteriores sobre o assunto tipicamente colocavam os participantes em ambientes não naturais, onde os voluntários eram compelidos a observar o egoísmo dos outros e decidiam se deveriam puni-los.
Na realidade, porém, há momentos em que evitar o conflito tem precedência sobre confrontar a injustiça. Em outras palavras, uma pessoa pode fingir que não percebeu alguém furando a fila atrás dela. De fato, algumas pesquisas recentes sugerem que, quando as pessoas têm a opção de testemunhar ou não as ações egoístas dos outros, elas têm mais probabilidade de evitar ver o problema.
Com base nisso, Kodai Mitsuishi e Yuta Kawamura, da Universidade Metropolitana de Osaka (Japão), investigaram se evitar testemunhar um comportamento egoísta alheio é algo feito para fugir da aplicação da punição ou porque as pessoas não querem lidar com esse comportamento. Para isso, eles desenvolveram um jogo que chamaram de "punição de terceiros seletivo por situação".
No jogo, os participantes escolhiam repetidamente entre dois baralhos de cartas, um baralho justo e outro injusto (manipulado), o que significa que cada um oferecia diferentes probabilidades de distribuições monetárias justas e injustas entre dois indivíduos. Essa configuração simulou cenários em que os participantes poderiam testemunhar a injustiça.
Além disso, os pesquisadores variaram as opções de punição disponíveis, para examinar como esses fatores influenciariam a disposição dos participantes de confrontar ou evitar o comportamento injusto.
Sem disposição para corrigir erros dos outros
Os resultados mostraram que a evitação de lidar com o egoísmo alheio surge tanto da motivação para não testemunhar a desigualdade quanto do desejo de evitar o confronto.
Os pesquisadores também mostraram que, mesmo os participantes que tendem a evitar injustiça, aplicam a punição se forem forçados a observar a injustiça. Além disso, descobriu-se que, quando os participantes tinham a opção de punir indiretamente os outros, eles eram menos propensos a evitar observar situações injustas.
"Os resultados deste estudo sugerem que a punição altruísta, que era frequentemente vista em estudos anteriores, pode ser menos frequente na vida real," destacou Mitsuishi.
"No futuro, precisamos considerar melhor quais fatores estão suprimindo o egoísmo das pessoas e mantendo uma sociedade cooperativa sem a punição altruísta," vislumbrou o professor Kawamura.
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