Efeitos desconhecidos
Muitas vacinas funcionam introduzindo no corpo uma proteína que se assemelha a uma parte do vírus contra o qual se está buscando proteção. Em uma situação ideal, aquele pedaço do vírus irá ensinar o sistema imunológico a produzir anticorpos duradouros contra aquele vírus, fornecendo assim proteção.
Mas não é isso o que está acontecendo com algumas vacinas contra o HIV.
Sharidan Brown e colegas do Instituto de Pesquisas Scripps (EUA) descobriram que, após algumas imunizações, o sistema imunológico dos vacinados começa a produzir anticorpos contra complexos imunológicos já ligados apenas à proteína viral.
A equipe demonstrou agora que esses tipos de anticorpos anti-imunes geralmente surgem entre a segunda e a terceira doses da vacina, trazendo preocupações para a prevenção contra o HIV.
"Mostramos que esses anticorpos existem, mas o que ainda não sabemos é como eles moldam a resposta imune," disse Brown. "Eles podem ser prejudiciais porque não estão neutralizando o vírus diretamente, mas podem levar a complexos imunes maiores que, na verdade, estimulam mais atividade contra os vírus e células infectadas de maneiras que não entendemos completamente."
Anticorpos anti-imunes
Os cientistas já sabiam que anticorpos complexos anti-imunes poderiam se formar em algumas situações, como quando o sistema imunológico reconhece anticorpos já ligados a proteínas virais. Ocorre então uma resposta imune adicional, estimulando a produção de novos anticorpos, incluindo alguns que se ligam a complexos imunes existentes na superfície do vírus.
Ainda não está claro se essa reação em cadeia prejudica ou ajuda a capacidade do sistema imunológico de combater o HIV, mas entendê-la é crucial nos dois sentidos, podendo permitir avaliar os riscos das vacinas atuais para quem tenta se proteger ou então gerar melhorias nas vacinas contra o HIV.
"Esses complexos anticorpos anti-imunes não foram estudados em muita profundidade, especialmente no contexto da vacinação contra o HIV," disse o professor Andrew Ward. "Entender essas respostas pode levar a projetos de vacinas e imunoterapêuticos mais inteligentes. É um passo empolgante para o ajuste fino das estratégias baseadas em anticorpos e vacinas contra o HIV e outras doenças."
A equipe planeja continuar estudando os anticorpos e também se respostas de anticorpos semelhantes são produzidas após múltiplas doses de outras vacinas ou durante a infecção natural.
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