29/01/2025

Gás nobre xenônio protege contra doença de Alzheimer

Redação do Diário da Saúde
Inalar gás xenônio protege contra doença de Alzheimer
O gás inerte xenônio passa pela barreira hematoencefálica, chegando diretamente ao cérebro.
[Imagem: Gerado por IA/Gemini]

Xenônio contra Alzheimer

Uma equipe de médicos e cientistas da Universidade de Washington e do Hospital Geral de Massachusetts causaram um rebuliço na comunidade científica ao apontar uma abordagem nova e inesperada para o tratamento do Alzheimer: Usar o gás nobre xenônio.

O estudo, liderado pelo cientista brasileiro Wesley Brandão, demonstrou que a inalação de gás xenônio suprime a neuroinflamação, reduz a atrofia cerebral e aumenta os estados neuronais protetores.

Esses resultados, obtidos em modelos de camundongos da doença de Alzheimer, foram tão significativos que a equipe já está preparando um ensaio clínico de fase 1 do tratamento em voluntários humanos saudáveis, que deverá começar ainda em 2025.

O uso de modelos animais permitiu fazer os testes visando diferentes aspectos da doença de Alzheimer, incluindo as placas de amiloides beta e os aglomerados de proteínas tau.

"É uma descoberta muito nova que mostra que simplesmente inalar um gás inerte pode ter um efeito neuroprotetor tão profundo," disse o Dr. Oleg Butovsky, membro da equipe. "Uma das principais limitações no campo da pesquisa e tratamento da doença de Alzheimer é que é extremamente difícil projetar medicamentos que possam passar pela barreira hematoencefálica - mas o gás xenônio consegue. Estamos ansiosos para ver essa nova abordagem testada em humanos."

Gás xenônio

O gás xenônio já é usado pela medicina como anestésico e como neuroprotetor para tratar lesões cerebrais. A vantagem é justamente que o gás penetra na barreira hematoencefálica, passando da corrente sanguínea diretamente para o fluido que envolve o cérebro.

Ao tratar os modelos de camundongos com doença de Alzheimer com o mesmo gás, a equipe descobriu que a inalação de xenônio reduziu a atrofia cerebral e a neuroinflamação e ainda gerou alterações comportamentais, como a restauração da atividade de construção de ninhos pelos camundongos. Também houve uma resposta microglial protetora, associada à limpeza das proteínas amiloides beta e à melhoria da cognição.

Juntos, esses resultados revelam um potencial promissor da inalação de xenônio como uma abordagem terapêutica que poderá modificar a atividade microglial e reduzir a neurodegeneração na doença de Alzheimer.

"Se o teste clínico for bem, as oportunidades para o uso do gás xenônio são grandes," disse Howard Weiner, membro da equipe. "Isto pode abrir as portas para novos tratamentos para ajudar pacientes com doenças neurológicas."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Inhaled Xenon modulates microglia and ameliorates disease in mouse models of amyloidosis and tauopathy
Autores: Wesley Brandao, Nimansha Jain, Zhuoran Yin, Kilian L. Kleemann, Madison Carpenter, Xin Bao, Javier R. Serrano, Eric Tycksen, Ana Durao, Jen-Li Barry, Caroline Baufeld, Dilansu Guneykaya, Xiaoming Zhang, Alexandra Litvinchuk, Hong Jiang, Neta Rosenzweig, Kristen M. Pitts, Michael Aronchik, Taha Yahya, Tian Cao, Marcelo Kenzo Takahashi, Rajesh Krishnan, Hayk Davtyan, Jason D. UlrichX, Mathew Blurton-Jones, Ilya Ilin, Howard L. Weiner, David M. Holtzman, Oleg Butovsky
Publicação: Science Translational Medicine
Vol.: 17, Issue 781
DOI: 10.1126/scitranslmed.adk3690
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