O cérebro e a dor
A dor funciona como um sistema de advertência: ela avisa que estamos fazendo algo prejudicial ao nosso corpo, e espera uma reação para solucionar o problema.
Nesse aspecto, a dor de cabeça, ou cefaleia, não é diferente das outras dores. Ela pode ser mais ou menos aguda, pode diminuir com um analgésico ou nos obrigar a ficar em um quarto escuro, no caso de uma enxaqueca, mas o mecanismo é o mesmo.
No entanto, embora o cérebro seja o órgão que recebe os sinais de dor captados pelo corpo, ele mesmo não tem terminações nervosas que captem a dor.
Como então sentimos dor de cabeça?
Onde a dor dói
O mecanismo de produção da dor no corpo funciona através dos nociceptores, terminações nervosas receptoras de dor que ficam na pele, nas articulações e em alguns órgãos internos. Sua função é detectar as variações físicas, químicas ou térmicas que poderiam destruir nossos tecidos, e se encontram em concentrações variadas por todo o corpo.
Essas terminações, quando recebem estímulos, enviam impulsos pelo sistema nervoso até o cérebro. O cérebro então analisa os dados que está recebendo e decide que vai ordenar uma resposta ou ignorá-los.
Ele também leva em consideração outros fatores, como a experiência de aprendizagem. Se considerar que o estímulo é sinal de uma ameaça, o cérebro produz a sensação de dor. Assim, tecnicamente, é o cérebro que sente a dor.
No entanto, o órgão em si não tem terminações nervosas - mas a cabeça dói.
Dor periférica
A dor de cabeça que sentimos não é gerada no cérebro, mas nas estruturas ao seu redor, explica a professora Janet Bultitude, da Universidade de Bath, em um artigo para a revista The Conversation.
Essas estruturas são, por exemplo, as meninges, os tecidos nervosos, os vasos sanguíneos e os músculos do pescoço. A pressão ou as alterações nessas estruturas ativam os receptores de dor, que mandam sinais ao cérebro.
A Dra Bultitude explica o funcionamento desse sistema com dois exemplos cotidianos.
O primeiro é a dor de cabeça que algumas pessoas sentem ao tomar sorvete ou beber algo muito frio. Nesse caso, a dor é resultado da alteração do fluxo sanguíneo nas veias que se encontram entre a parte posterior da garganta e o cérebro.
Outro exemplo é a dor de cabeça associada à ressaca, que normalmente é resultado da desidratação provocada pelo consumo de álcool, que causa dor nos vasos sanguíneos da cabeça.
Assim, no caso de uma cefaleia que apareça sem que você tomado sorvete ou bebidas alcoólicas, pode ser útil usar o cérebro para combater a dor, usando métodos para controlar a dor com a mente.
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