06/05/2011

Pessoas querem controle, seja sobre os outros, seja sobre si mesmas

Redação do Diário da Saúde

Controle

Ter poder sobre os outros e ter liberdade de escolha sobre sua própria vida têm um fundamento essencial: o controle.

Esta é a conclusão de um novo estudo publicado na revista Psychological Science.

O trabalho mostra que as pessoas geralmente dispõem-se a trocar uma fonte de controle pela outra, trocando o poder por livre-arbítrio.

Poder e livre-arbítrio

Se as pessoas não têm poder, elas clamam por liberdade de escolha; se alcançam muita liberdade de escolha pessoal, não se esforçam tanto para adquirir poder.

"As pessoas preferem instintivamente posições mais elevadas de poder," diz a Dra. Ena Inesi, da London Business School. "Da mesma forma, elas se sentem bem quando têm escolha, e não se sentem bem quando a possibilidade de escolha lhes é retirada."

Inesi e seus co-autores suspeitam que a necessidade de controle pessoal pode ser o fator que esses dois processos aparentemente independentes têm em comum.

O poder é controle sobre o que os outros fazem; a liberdade de escolha é o controle sobre suas próprias ações.

Perda de poder leva à busca por liberdade

Para saber se o poder e a liberdade de escolha são duas faces da mesma moeda, os pesquisadores fizeram uma série de experimentos onde analisaram se a falta de uma fonte de controle (por exemplo, o poder) provocaria uma maior necessidade do outro (a liberdade de escolha).

Em um experimento, os participantes começaram lendo uma descrição de um chefe ou de um empregado. A seguir, eles foram levados a pensar sobre como se sentiriam na função de cada um deles.

Isso significa que alguns voluntários foram levados a se sentir poderosos, enquanto outros foram levados a se sentir impotentes.

Em seguida, os participantes foram informados de que poderiam comprar óculos ou sorvete de uma loja que tinha três opções ou de uma loja, bem mais distante, que tinha quinze opções.

As pessoas que se colocaram no lugar do empregado - sentindo-se com menos poder - mostraram-se dispostas a percorrer grandes distâncias para chegar até a loja com mais opções. Ou seja, a falta de poder tornou as pessoas sedentas por liberdade de escolha.

Utilidade no ambiente de trabalho

Em outro conjunto de experimentos, quando as pessoas foram privadas de escolha, elas demonstraram sede de poder - por exemplo, expressando maior desejo de ocupar uma posição de alta importância.

Experimentos adicionais revelaram que as pessoas podem se contentar com o poder ou com a liberdade de escolha, ou com ambos - mas não ter nenhum dos dois as torna nitidamente insatisfeitas.

Inesi acredita que esta descoberta de que o poder e a escolha são intercambiáveis, pode ser útil no ambiente de trabalho.

"Você pode imaginar uma pessoa em uma organização que esteja em um trabalho de baixo nível," diz ela. "Você pode fazer essa pessoa aparentemente impotente se sentir melhor em relação ao seu trabalho e suas funções dando-lhe alguma possibilidade de escolha, na maneira de fazer o trabalho ou na escolha de uma tarefa diferente no mesmo nível."

O estudo não permite concluir se pessoas com falta de controle sobre si mesmas teriam maior necessidade de controle sobre os outros - esta seria uma questão que mereceria uma pesquisa à parte.

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