27/05/2024

Placebo imaginário é melhor que comprimido inerte para controle das emoções

Redação do Diário da Saúde
Placebo imaginário é melhor que comprimido inerte para controle das emoções
O efeito placebo funciona no treinamento físico também.
[Imagem: Taco Fleur/Pixabay]

Placebo psicológico

O efeito placebo é bem conhecido e documentado, mas pesquisas feitas na última década mostraram que essa ferramenta pode ser muito mais útil do que se acreditava, não apenas em pesquisas científicas, mas também em terapias diretas.

Por exemplo, o chamado "placebo psicológico" é um efeito no qual os placebos geram efeitos mesmo quando os pacientes sabem que eles são inertes. Também conhecidos como placebos abertos, eles são administrados sem enganar o paciente, no sentido de que os pacientes sabem que estão recebendo um tratamento inerte, como um comprimido que não contém qualquer princípio ativo.

Com a crescente importância dessa abordagem nas pesquisas médica e científica, Anne Schienle e seus colegas da Universidade Graz (Áustria) queriam saber se o ato de tomar o comprimido é um componente crítico no efeito placebo aberto, ou se um convencimento psicológico bastaria.

Para isso, eles compararam os efeitos de um comprimido placebo real e de um comprimido imaginário na redução da sensação de repugnância, ou nojo, induzida por imagens.

Placebo imaginário é melhor que comprimido inerte para controle das emoções
Sentimentos de culpa são curados com placebo.
[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

Placebo imaginário

As 99 voluntárias, com idade média de 23,2 anos, foram distribuídas aleatoriamente por três grupos: No primeiro, as participantes ingeriram um comprimido placebo, no segundo apenas imaginaram a ingestão de um comprimido placebo (comprimido imaginário), e no terceiro só participaram do experimento, sem qualquer tratamento prévio.

Todas elas visualizaram 30 imagens repugnantes (por exemplo, vermes, comida podre e secreções corporais) e 30 imagens neutras (versões pixelizadas das imagens repugnantes com um aspecto de mosaico), enquanto a atividade neural do seu cérebro era avaliada através de uma ressonância magnética funcional (fMRI).

Os resultados mostraram que ambas as intervenções placebo reduziram a intensidade da repugnância sentida em comparação com a visualização passiva das imagens repugnantes. Curiosamente, o comprimido imaginário foi mais eficaz do que o comprimido placebo real, tendo gerado classificações mais baixas de repugnância e classificações mais elevadas de eficácia esperada e percebida.

Em outras palavras, imaginar a ingestão de um comprimido placebo é um método melhor para a regulação dos sentimentos de repulsa, em comparação com a ingestão real de um comprimido placebo, fundamentando uma abordagem inovadora e de baixo custo para intervenções na regulação das emoções. "Estas conclusões têm implicações importantes para o desenvolvimento de novas intervenções baseadas no efeito placebo com comprimidos, tanto em contextos clínicos como não clínicos," disse Schienle.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The pill you don’t have to take that is still effective: neural correlates of imaginary placebo intake for regulating disgust
Autores: Anne Schienle, Wolfgang Kogler, Arved Seibel, Albert Wabnegger
Publicação: Social Cognitive and Affective Neuroscience
Vol.: 19, Issue 1, 2024, nsae021
DOI: 10.1093/scan/nsae021
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