21/06/2024

Novo antibiótico mata bactérias patogênicas e poupa as benéficas

Baseado em artigo de Gianluca Riccio - Futuro Prossimo
Novo antibiótico mata bactérias patogênicas e poupa as benéficas
Uma terapia com luz reduziu a resistência das bactérias aos antibióticos, representando outra alternativa.
[Imagem: Wikimedia Commons]

Lolamicina

A resistência aos antibióticos é uma das maiores ameaças à saúde global, com mais de um milhão de mortes por ano atribuídas a infecções causadas por bactérias resistentes a medicamentos. A nova esperança se chama lolamicina: um antibiótico "inteligente" descoberto por pesquisadores da Universidade de Illinois Urbana-Champaign (EUA).

Ao contrário dos antibióticos de amplo espectro, que matam indiscriminadamente bactérias nocivas e benéficas, a lolamicina pode atingir seletivamente bactérias gram-negativas, poupando o microbioma intestinal.

E isso faz toda a diferença porque permite tratar infecções resistentes aos medicamentos e, ao mesmo tempo, previne complicações ligadas à alteração do equilíbrio microbiano do nosso intestino.

O terror das superbactérias

As bactérias gram-negativas, responsáveis por infecções intestinais, pulmonares, urinárias e sanguíneas, têm-se tornado cada vez mais resistentes aos medicamentos e difíceis de erradicar. Os antibióticos de amplo espectro, que eliminam bactérias gram-negativas e gram-positivas, têm a vantagem de atacar uma ampla gama de patógenos, mas o preço a pagar é a destruição das bactérias benéficas que povoam o precioso microbioma do nosso intestino.

Este desequilíbrio no microbioma intestinal pode ter consequências devastadoras para a saúde, aumentando o risco de infecções de Clostridioides difficile, uma doença intestinal grave que afeta milhões de pessoas e causa dezenas de milhares de mortes por ano.

Este cenário dá uma boa ideia da importância crucial que um remédio "seletivo" como a lolamicina poderá ter, um remédio capaz de tratar infecções sem danificar o delicado ecossistema do intestino.

Novo antibiótico mata bactérias patogênicas e poupa as benéficas
A própria defesa das bactérias pode se tornar um novo antibiótico altamente dirigido.
[Imagem: University Hospital Bonn (UKB)/Jan-Samuel Puls]

Uma promessa para o futuro

Testes laboratoriais e em animais demonstraram a eficácia da lolamicina contra 130 cepas de E. coli e K. pneumoniae resistentes a medicamentos, tratando pneumonia aguda e infecções sanguíneas em ratos sem alterar seu microbioma intestinal.

Ao contrário de outros antibióticos, como amoxicilina ou clindamicina, a lolamicina não alterou em nada o microbioma intestinal dos ratos, nem mesmo um mês após o tratamento.

E isto não é tudo: A lolamicina reduziu infecções de C. difficile no cólon de camundongos em comparação com outros antibióticos, demonstrando seu potencial também para prevenir esta complicação.

Os pesquisadores acreditam que a lolamicina e outros antibióticos específicos para patógenos se tornarão cada vez mais importantes para minimizar os danos colaterais ao microbioma intestinal. E isso os tornará "superiores" aos antibióticos atualmente em uso clínico.

Agora começará todo o processo necessário para tirar o promissor antibiótico do laboratório e levá-lo para a aplicação clínica, o que exigirá todos os testes e ensaios clínicos em humanos.

Checagem com artigo científico:

Artigo: A Gram-negative-selective antibiotic that spares the gut microbiome
Autores: Kristen A. Muñoz, Rebecca J. Ulrich, Archit K. Vasan, Matt Sinclair, Po-Chao Wen, Jessica R. Holmes, Hyang Yeon Lee, Chien-Che Hung, Christopher J. Fields, Emad Tajkhorshid, Gee W. Lau, Paul J. Hergenrother
Publicação: Nature Physics
Vol.: 630, pages 429-436
DOI: 10.1038/s41586-024-07502-0
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