Complicações na gestação e parto
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta quarta-feira aponta que a taxa de mulheres que morrem devido a complicações na gestação ou no parto caiu pela metade no Brasil nas últimas décadas.
Entre 1990 e 2008, a taxa no Brasil passou de 120 mortes por 100 mil nascimentos para 58 mortes por 100 mil.
O ritmo de redução atual (de em média 4% ao ano no período), no entanto, ainda é insuficiente para que o Brasil cumpra a meta do milênio da ONU relacionada à mortalidade materna - que é de reduzir a taxa em 75% até 2015.
"O Brasil fez um bom progresso e é possível que, se aumentar o impacto (de políticas de redução da mortalidade materna), alcance a meta", disse à BBC Brasil Lale Say, do Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisas da OMS.
Mortalidade materna
Em nível global, o estudo identificou que os casos de mortalidade materna caíram 34% (de 546 mil mortes em 1990 para 358 mil em 2008).
A queda, segundo o documento, é "notável" e uma "notícia encorajadora", mas também insuficientemente rápida para que seja cumprido o objetivo do milênio.
O estudo define mortalidade materna como mortes de mulheres durante a gravidez ou 42 dias após o parto, por causas relacionadas à gestação. As principais causas são: sangramento pós-parto, infecções, hipertensão e abortos inseguros.
A redução da mortalidade materna é considerada importante para garantir o cumprimento de outros objetivos do milênio, como a redução da mortalidade infantil e a adesão de crianças ao ensino primário.
Progresso insuficiente
A região campeã em mortalidade materna é a África Subsaariana, cuja taxa foi de 640 mortes por 100 mil nascimentos vivos em 2008. Para efeitos comparativos, esse índice é de 14 em países e territórios desenvolvidos e de 85 na América Latina e Caribe.
Há países que fizeram avanços significativos, como a China, que passou de uma taxa semelhante à brasileira - 120 mortes por 100 mil em 1990 - para 38 em 2008.
O Afeganistão, por outro lado, fez "progresso insuficiente" no período: sua taxa caiu de 1,7 mil mortes para 1,4 mil a cada 100 mil nascimentos.
Na América Latina, a Argentina se manteve estável (de 72 em 1990 para 70 em 2008), e o Chile reduziu sua taxa de mortalidade materna de 56 para 26 a cada 100 mil nascimentos.
Acesso à saúde
O estudo não investigou as causas da mortalidade, mas Say disse que, no caso brasileiro, em termos gerais, foram identificados mais investimentos e acesso maior ao sistema de saúde e mais igualdade entre gêneros nas últimas décadas, o que teria contribuído para a redução da taxa.
Em nível global, disse, é preciso "identificar quais subgrupos da população estão sob maior risco e intervir" em casos e regiões específicos.
O estudo afirma também que o banco de dados global sobre o tema ainda é "fraco". "Só cerca de um terço dos países e territórios (de um total de 172 pesquisados) têm sistemas completos de registros civis e atribuição (precisa) de causas de mortes", afirma o texto.
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