27/06/2008

Influência emocional atinge 36,5% dos casos de cardiopatia

Agência USP

Psicossomático

Cientistas da USP constataram a influência dos fatores emocionais em 36,5% dentre 100 casos de cardiopatia atendidos na Enfermaria da Divisão de Cardiologia do Hospital.

O projeto de pesquisa das psicólogas Fernanda Rizzi Bitondi e Giovana Bovo Facchini obteve a classificação de melhor pôster apresentado no XXIX Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP).

As psicólogas entrevistaram 100 pacientes de ambos os sexos, utilizando uma metodologia de avaliação de dados sobre hábitos de vida, antecedentes da doença, conhecimento dos fatores de risco e tratamentos psicológicos e/ou psiquiátricos prévios. Nesta metodologia, elas aplicaram o instrumento HAD (Hospital Anxiety and Depression Scale), para sintomas depressivos e ansiosos.

Fatores psicológicos

Os resultados da pesquisa apontaram que 36,05% dos pacientes acreditavam que suas cardiopatias estavam relacionadas aos aspectos emocionais, 54,65% ao estilo de vida e 9,3% à ocorrência de outras doenças.

Entre os entrevistados, 54% eram pacientes do sexo feminino e 46% do masculino, com idade média de 55,98 (entre 21 a 89 anos). O grau de escolaridade era de nível fundamental para 82% dos entrevistados, sendo que entre os 100, 53% eram casados e 75% estavam desempregados.

Nesta etapa de entrevistas as pesquisadoras queriam estabelecer uma caracterização sócio-demográfica e psicológica na qual foi priorizada a investigação dos fatores psicológicos, relacionados ao estresse, presença de depressão, ansiedade, vínculo familiar e suporte social.

Doenças de origem emocional

De acordo com Fernanda Rizzi, os pacientes opinaram que os fatores desencadeadores da doença estavam relacionados aos aspectos psicológicos. "Estresse no trabalho, dificuldades em casa." Um total de 77% tinha conhecimento dos fatores de risco das cardiopatias.

Giovana Facchini também destacou que os pacientes associaram os fatores emocionais ao aparecimento da cardiopatia. Além disso, segundo as psicólogas, os aspectos emocionais também podem ser responsabilizados por um estilo de vida inadequado ao bem-estar do coração. "Pode ser que um paciente com sintomas depressivos venha a comer mais, ter uma vida mais sedentária, ou fumar e beber".

A etapa inicial do trabalho teve o objetivo de subsidiar a ampliação do projeto que prevê para o segundo semestre de 2008 a criação de um serviço de orientação psicológica para os pacientes egressos da Enfermaria.

Grupos de apoio aos pacientes

Segundo Giovana Facchini, a segunda parte consiste "numa intervenção psicológica que vai acontecer em forma de grupos estruturados com pacientes de diferentes ambulatórios da Divisão de Cardiologia". Ela afirma que a pesquisa foi feita com observação dos "fatores de risco e de proteção das cardiopatias para a intervenção ser bem direcionada e para que se conseguisse provar cientificamente a importância de um psicólogo junto a estes pacientes". Baseadas em parâmetros fisiológicos, as psicólogas pretendem demonstrar "pós-intervenção", que a qualidade de vida pode ser melhorada.

O projeto de Fernanda Rizzi Bitondi e Giovana Bovo Facchini foi coordenado pelo professor Ricardo Gorayeb, do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica e teve a participação do docente da Cardiologia, André Schimidt. Entre os pacientes entrevistados na Enfermaria, o maior número apresentava insuficiência cardíaca, angina instável, infarto e arritmia.

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