Exotendão
Atenção corredores: Na próxima vez que você sair para correr, amarre um elástico entre seus pés.
Pode parecer um truque esquisito, mas ele é estranhamente eficaz, garante Elliot Hawkes, professor da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA).
Segundo o professor de engenharia mecânica, correr com uma perna amarrada à outra pode torná-lo um corredor mais eficiente em aproximadamente 6,4%.
"Na corrida, a maior parte da energia é desperdiçada," explica Hawkes. Para cada 10 calorias queimadas, menos de uma caloria é necessária para manter uma velocidade de avanço constante. As outras nove calorias são gastas nos impedindo de cair enquanto batemos na calçada com a massa corporal, além de frear e acelerar a perna que se lança à frente.
"Foi um desafio interessante porque, como engenheiro, quando você vê um sistema muito ineficiente, pensa: 'Nossa, isso é muito ruim; tem que haver algumas formas fáceis de melhorar isso um pouco'," acrescentou.
Mola para substituir músculo
Hawkes então teorizou que, se parte do trabalho de balançar as pernas pudesse ser realizada com um tipo de mecanismo de mola - semelhante aos tendões nas pernas de um guepardo - em vez de trabalho muscular, alguma energia poderia ser economizada. Essa abordagem biomimética difere das formas típicas em que os dispositivos são projetados para aumentar a eficiência da corrida, que geralmente se concentram na parte "batida" do passo, como tênis que dão impulso ou amortecem o passo.
"Nós começamos nos joelhos, mas no final prendemos a fita nos sapatos," contou Hawkes. "É mais fácil colocá-la nos sapatos, e é mais confortável - com os joelhos, a fita esfrega em você de maneiras engraçadas."
Prender o "exotendão" aos tênis, ao que parece também otimiza as forças necessárias para que o dispositivo seja eficaz, mais do que colocar a faixa mais alto nas pernas.
Correr com os pés amarrados
Por mais contra-intuitivo que pareça amarrar um tênis ao outro para melhorar a capacidade de corrida, os participantes do teste ficaram confortáveis com a fita elástica quase que instantaneamente, e ninguém tropeçou.
De acordo com Hawkes, a fita aumentou a eficiência no trabalho necessário para balançar as pernas, e o passo mais curto e de maior frequência que resultou disso também reduziu a quantidade de energia necessária para suportar o peso corporal durante cada impacto no solo (fase de apoio), aumentando a resistência geral.
"Isso na verdade reduz o esforço de 'pular' durante a postura," explicou Hawkes. "Naturalmente as pessoas correm a 90 passos por minuto. Se você puder dar passos mais curtos e mais rápidos, isso reduz a energia necessária para saltar, mas é preciso muito mais energia para balançar as pernas tão rápido, de forma que você não faz isso naturalmente. No entanto, a fita remove esse custo para o movimento das pernas, o que significa que você pode facilmente dar 100 passos por minuto, reduzindo a energia necessária para saltar."
"É surpreendente; ela faz você se sentir leve e mais rápido. Seu corpo descobre isso quase imediatamente," acrescentou.
Como amarrar os pés para correr
Alguns detalhes para aqueles que já estão pensando em amarrar os tênis para a próxima corrida: a banda usada pelos pesquisadores era um pedaço de tubo cirúrgico, cortado em cerca de 25% do comprimento da perna, o que é "longo o suficiente para não aplicar forças quando os pés se cruzam e não se parte quando os pés estão afastados, mas suficientemente curto para não ficar preso quando os pés se cruzam," detalhou o pesquisador.
Além disso, os testes foram feitos exclusivamente com a resistência em mente; nenhuma palavra sobre se os velocistas com seus passos largos e distâncias mais curtas tirariam benefícios desse dispositivo. E a superfície de corrida era consistentemente plana e nivelada - portanto, não vá sair de pés amarrados correndo em uma trilha.
Provavelmente não há efeito discernível no treinamento; os corredores voltaram à sua marcha e eficiência regulares quando removeram o elástico, disse Hawkes.
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