Causas do câncer de fígado
Médicos e cientistas acreditavam saber tudo sobre as principais causas do câncer de fígado: Viral (hepatite B e C), álcool e esteato-hepatite não alcoólica, uma condição na qual a gordura se acumula no fígado, resultando em inflamação crônica e danos.
Mas uma equipe internacional de especialistas acaba de descobrir que as etiologias do câncer de fígado estão mudando - e há fatores bem-vindos e fatores preocupantes nessa mudança.
No lado positivo, os avanços na vacinação contra a hepatite B (HBV) e a maior disponibilidade de terapias antivirais reduziram o câncer de fígado associado ao vírus.
Do lado negativo, o consumo de álcool e a prevalência da obesidade estão aumentando dramaticamente.
Mas uma coisa não mudou: O câncer de fígado continua fazendo vítimas, sendo a terceira principal causa de morte por câncer no mundo - em 2020, mais de 830.000 pessoas em todo o mundo morreram da doença.
Mudanças nas causas
A equipe usou a metodologia do Estudo Global da Carga de Doenças, uma colaboração de pesquisa envolvendo mais de 3.600 pesquisadores em 145 países, para pesquisar a incidência mundial de câncer de fígado e, mais especificamente, mudanças globais e regionais nas causas da doença.
Entre 2010 e 2019, houve um aumento de 27% nos casos de câncer de fígado nos 204 países pesquisados, um aumento de 25% nas mortes por câncer de fígado e um aumento de 21% nos anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (EVCI: Esperança de vida Corrigida pela Incapacidade), uma medida estatística que representa os efeitos adversos da doença além da morte - 1 EVCI representa a perda equivalente a um ano de saúde plena. Somente em 2019, houve uma estimativa de 12,5 milhões de EVCIs devido ao câncer de fígado.
A grande descoberta, contudo, é que as causas do câncer de fígado variaram de forma mensurável em todo o mundo. As taxas de mortalidade padronizadas por idade (TMPI) devido ao câncer de fígado associado ao HBV diminuíram entre 2010 e 2019, provavelmente devido a campanhas de vacinação bem-sucedidas, terapias antivirais e programas para reduzir aflatoxinas, uma família de toxinas geradas por fungos encontradas em culturas agrícolas, como milho, amendoim e caroço de algodão.
A única região onde a TMPI aumentou foi nas Américas, possivelmente devido ao subdiagnóstico de casos de câncer de fígado e falta de conscientização sobre a doença, dizem os cientistas. Os casos associados ao HCV também diminuíram devido à disponibilidade de terapia antiviral oral altamente eficaz, exceto nas Américas.
Doenças não alcoólicas do fígado
A esteato-hepatite não alcoólica foi a causa de morte por câncer de fígado que mais cresceu em todo o mundo, especialmente nas Américas, impulsionada pelo rápido aumento das taxas de obesidade.
Esta condição específica está inclusa na chamada DHGNA (doença hepática gordurosa não alcoólica), um termo genérico que abrange uma série de condições hepáticas que afetam pessoas que bebem pouco ou nenhum álcool e que também representa um aumento no risco de câncer de fígado.
O álcool foi a segunda causa de câncer de fígado que mais cresceu, novamente com o maior aumento nas Américas. E as estimativas afirmam que o consumo global de álcool per capita irá aumentar ainda mais.
"Estamos desenvolvendo maneiras melhores de tratar essas duas condições mais cedo para reduzir a carga da doença e tentando rastrear melhor aqueles que correm maior risco de desenvolver câncer de fígado, oferecendo estratégias de triagem melhores e mais personalizadas. O reconhecimento precoce e o tratamento imediato são necessários para melhorar os resultados," concluiu a equipe.
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