Consumo de álcool no Brasil
Mais da metade da população brasileira não consome bebidas alcoólicas.
E esse número vem aumentando rapidamente: agora são 52% de abstêmios, contra 48% em 2006. Na Europa, por exemplo, apenas 12% da população não consome álcool.
Na outra metade consumidora de álcool, no entanto, aumentou 20% o número de pessoas que bebe de forma frequente (uma vez por semana ou mais) nos últimos seis anos.
Se considerada apenas a população feminina, mais suscetível aos efeitos nocivos do álcool, o aumento foi de 34,5%.
Os dados são do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), organizado pelo médico Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Foram ouvidas 4.607 pessoas maiores de 14 anos, em 149 municípios de todas as regiões brasileiras.
Apesar da diminuição no número total de dependentes, entre os bebedores, aqueles que adotam um padrão de consumo de álcool considerado nocivo aumentou de 45% para 59% - o limite desse padrão nocivo, conhecido pelo termo inglês binge (farrear, beber até cair) é estabelecido em quatro unidades de álcool para mulheres e cinco para homens em uma única ocasião.
Mais uma vez a mudança é maior quando se considera apenas a população feminina, passando de 36% para 49%.
"O aumento do consumo entre as mulheres, especialmente nesse padrão 'binge', terá consequências importantes do ponto de vista da saúde pública no médio prazo. Vai aumentar as taxas de câncer da mulher brasileira", estima Laranjeira.
Segundo o médico, as evidências apontam que o consumo de duas ou mais doses de álcool por dia pela mulher aumenta em 20% o risco de câncer de mama. Estima-se que 30% dos casos de câncer na população em geral tenham o álcool como um agente causador.
Farra dos fabricantes
Para Laranjeira, no entanto, um dos dados mais preocupantes é que 20% dos adultos bebedores consomem 56% de todo o álcool vendido no país. A maioria desse grupo é composta por homens jovens, com menos de 30 anos.
Outro levantamento recente, feito pelo Ministério da Saúde, mostrou que o consumo abusivo de bebida alcoólica aumenta com a escolaridade.
Na avaliação de Laranjeira, o crescimento econômico do Brasil nos últimos 10 anos e o consequente aumento da renda per capita é uma das razões do aumento no consumo de álcool - o que torna o país um mercado promissor para a indústria de bebidas.
"O brasileiro em geral está com maior poder aquisitivo. Quem não gastava dinheiro com álcool continua não gastando. Mas os que bebem estão gastando mais com bebida, especialmente as mulheres", disse o professor.
Outro fator por trás dessa mudança no padrão de consumo, segundo Laranjeira, é a falta de regulamentação do mercado ou fiscalização efetiva. "Como não há regras feitas pelo governo ou pela sociedade, quem comanda o show é a indústria do álcool", afirmou.
Além da proibição da propaganda de bebidas alcoólicas nos meios de comunicação, que considera direcionada principalmente à população jovem, Laranjeira recomenda o aumento no preço das bebidas alcoólicas e a diminuição dos pontos de venda.
Estudos recentes confirmam que tornar as bebidas alcoólicas mais caras reduz as mortes ligadas ao alcoolismo.
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