Rainha do sistema imunológico
Cientistas conseguiram descrever pela primeira vez uma proteína reguladora mestra, comprovando a existência de um mecanismo central de controle que atua aumentando a produção de energia intracelular.
Esta nova via é governada por uma proteína anteriormente desconhecida, que a equipe batizou de Atossa, em homenagem a uma rainha persa (século VI AC) reconhecida pela sua grande autoridade.
Para que a vida prospere, ela precisa responder aos desafios do ambiente, principalmente adaptando a atividade de seu sistema imunológico - como vimos com a covid, agentes infecciosos externos estão constantemente surgindo e tentando se firmar no corpo.
Mas como as células imunológicas podem se mover para novos tecidos para encontrar e destruir essas infecções?
Shamsi Emtenani e Daria Siekhaus, do Instituto de Ciência e Tecnologia da Áustria, decidiram buscar respostas fazendo outra pergunta: O que governa a energia necessária para a invasão celular?
Eles descobriram um programa duplo que aumenta a produção de energia dentro das células imunológicas, fornecendo assim a energia necessária para que ela adentre pelos tecidos e cumpra seu papel. E esta nova via é governada pela recém-descrita proteína Atossa.
Embora os experimentos tenham sido feitos em moscas da fruta, os resultados mostram que proteínas semelhantes em mamíferos apresentam a mesma função, o que abre campos totalmente novos para pesquisas de como manter a saúde e como desenvolver melhores vacinas e medicamentos.
"Existe uma infinidade de potencial de como este trabalho pode levar a novas perspectivas da fisiologia humana, porque aumentar a produção de energia é essencial em muitas células em todo o corpo humano," disse Emtenani.
Atossa decidindo aumentar a energia
Para as células, escapar do ambiente onde se encontram, abrindo caminho para os tecidos, é energeticamente caro. Para prover esse combustível, o sistema imunológico aumenta a energia dessas células usando as mitocôndrias, as usinas de força internas das células. As mitocôndrias transformam vários constituintes, como o açúcar, em ATP, o combustível das células.
Os pesquisadores descobriram agora que a proteína mestra, a Atossa, orquestra uma cascata de eventos que regula e melhora a capacidade das mitocôndrias de produzir energia.
"A Atossa atua tanto como pedal do acelerador quanto como câmbio de marchas," explicou Siekhaus. "Primeiro, a proteína ativa duas enzimas metabólicas que ajudam a enviar mais combustível para a fábrica mitocondrial e, segundo, muda as mitocôndrias para uma marcha mais alta."
Essa mudança de marcha é feita pela Atossa, não mexendo em uma alavanca, mas aumentando os níveis da proteína Porthos, uma RNA helicase batizada com o nome de um dos três mosqueteiros, conhecidos por sua fidelidade em servir sua rainha. Em seguida, Porthos auxilia na montagem do maquinário que permite a produção de proteínas por meio da tradução, incluindo várias que aumentam a atividade mitocondrial e, portanto, a produção de energia.
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