Uma proteína extraída do veneno da serpente urutu (Bothrops alternatus) aumenta a força de contração cardíaca.
Isto pode fazer com que a proteína, chamada alternagina-C (ALT-C), torne-se a base para novos medicamentos para tratar problemas do coração.
O potencial farmacológico da ALT-C foi demonstrado em estudos de laboratório realizados na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo.
Diana Amaral Monteiro e seus colegas estão agora testando a proteína no miocárdio de camundongos e de peixes, considerados modelos experimentais.
"Se os resultados positivos se confirmarem em futuras etapas, essa proteína poderá ser útil no tratamento de doenças como insuficiência cardíaca, infarto e isquemia crônica do coração", afirmou Diana.
A pesquisadora já havia desenvolvido a técnica para isolar a ALT-C - o método de obtenção da molécula foi patenteado por causa de sua propriedade de induzir a angiogênese, ou seja, a formação de novos vasos sanguíneos.
"Como os estudos anteriores mostraram que a proteína promoveu revascularização e regeneração em pele lesada de ratos, surgiu a ideia de que também tivesse efeito benéfico no sistema cardiovascular", contou Diana.
Nos testes em cultura celular (in vitro) e em cobaias, a proteína ALT-C causou um aumento significativo na força de contração do miocárdio e nas taxas de contração e relaxamento, modulando positivamente a contratilidade cardíaca.
"Ainda vamos estudar os mecanismos responsáveis por essa melhora na função cardíaca. Mas já sabemos que essa proteína se liga a um receptor tipo integrina (proteína existente na superfície das células) e isso desencadeia uma série de sinalizações intracelulares, capazes de promover a ativação de genes e o aumento na produção do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), relacionado à angiogênese", contou Diana.
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