04/08/2014

Tratamento com células-tronco gera células do nariz na coluna da paciente

Com informações da New Scientist

Uma mulher norte-americana desenvolveu uma espécie de tumor oito anos após um tratamento com células-tronco para tentar curar sua paralisia.

Tem havido uma série de casos de tratamentos com células-tronco que causam tumores, mas este parece ser o primeiro caso em que o tratamento foi aplicado em um hospital ocidental como etapa avançada de um ensaio clínico aprovado pelas autoridades de saúde e reconhecido como válido pela comunidade científica.

A mulher norte-americana, cujo nome não foi revelado, recebeu o tratamento experimental em um hospital em Portugal na tentativa de curar sua tetraplegia.

O procedimento usou um tecido contendo células semelhantes a células-tronco, retiradas do nariz da própria paciente, e implantado em sua espinha. A esperança era que essas células se desenvolvessem em células neurais e ajudassem a reparar os danos nos nervos da coluna, fazendo-a recuperar seus movimentos.

O tratamento não deu certo - longe disso.

No ano passado, a mulher, então com 28 anos, passou por uma cirurgia por causa do agravamento das dores no local do implante.

Células nasais na coluna

Os cirurgiões removeram um aglomerado celular de 3 centímetros de comprimento, parecido com um tumor.

Os exames revelaram que o aglomerado consistia principalmente de tecido nasal, bem como de fragmentos de ossos e pequenas ramificações nervosas que não tinham se conectado com os nervos da coluna vertebral.

O aglomerado não era canceroso, mas estava secretando "um abundante material espesso parecido com muco", que provavelmente estava pressionando dolorosamente a coluna da paciente, segundo o Dr. Brian Dlouhy, da Universidade de Iowa (EUA), o neurocirurgião que removeu o tecido.

"É preocupante," disse o Dr. George Daley, pesquisador de células-tronco na Escola de Medicina de Harvard, que tem ajudado a compor orientações para as pessoas que estão pensando em se submeter a tratamentos com células-tronco. "Isto fala diretamente do quanto é primitivo o estado do nosso conhecimento sobre como as células-tronco se integram, se dividem e se expandem."

O caso mostra que, mesmo quando realizados em hospitais de ponta, terapias experimentais com células-tronco podem ter consequências imprevisíveis, acrescenta o Dr. Alexey Bersenev, pesquisador que trabalha com células-tronco. "Nós temos de reconhecer que complicações também podem acontecer em um ensaio clínico," disse ele.

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