Como aprendemos com os outros?
Você costuma ler as avaliações dos restaurantes antes de sair para um almoço ou jantar? Mas como você pode ter certeza de que aquelas pessoas que opinaram compartilham suas preferências alimentares, sua tolerância a temperos ou seu orçamento?
Esse assunto é bem amplo, indo muito além dos restaurantes, envolvendo como os humanos em geral conseguem aprender com os outros. E, até agora, os estudos científicos sobre o tema têm usado sobretudo experimentos onde todos têm objetivos e preferências idênticos. No entanto, no mundo real, isso raramente acontece.
Alexandra Witt e colegas da Universidade de Constança (Alemanha) se deram conta disso, e então partiram para estudar como os humanos usam informações sociais para tomar decisões quando as preferências não combinam perfeitamente.
Para estudar esse fenômeno, os pesquisadores criaram um experimento online que lembra um videogame. O jogo foi projetado para imitar situações cotidianas de tomada de decisão. Os participantes completaram o jogo em grupos de quatro. Cada participante tinha um objetivo, que era individualmente único, mas semelhante ao dos outros participantes. Ao longo do experimento, os participantes puderam ver o progresso de seus colegas jogadores.
Os resultados mostram que, mesmo nesse cenário, as pessoas usam informações sociais para orientar suas decisões, mas também usam essas dicas "com uma pitada de sal": Os voluntários trataram as informações sociais como menos confiáveis do que as informações que eles mesmos coletaram, e ainda as adaptaram de forma flexível para suas próprias circunstâncias.
Para explicar esse fenômeno, os pesquisadores introduziram um novo modelo de generalização social, que superou vários outros modelos de teorias anteriores na previsão do comportamento dos voluntários. "Ao contrário dos modelos anteriores na literatura, nosso modelo assume que as informações sociais devem ser integradas de forma semelhante às informações individuais, em vez de copiadas cegamente," explicou Alexandra.
Aprendizado social
Com a ajuda do seu novo modelo, os pesquisadores mostraram que os humanos usam informações sociais como uma ferramenta de exploração. Mas, como a exploração individual pode ser custosa, tanto cognitivamente quanto em termos de risco, quando há informações sociais disponíveis as pessoas usam-nas para orientar suas escolhas, poupando-se do custoso processo de exploração individual.
"A ideia de que o aprendizado social pode funcionar como uma ferramenta de orientação de exploração não é nova," disse Wataru Toyokawa, membro da equipe. "Mas o que descobrimos não apenas apoiou a ideia, mas nos ajudou a estender e generalizar a teoria para o caso de sociedades humanas diversas e heterogêneas".
Por que isso importa?
"Embora avanços recentes tenham demonstrado o poder da Inteligência Artificial, ela ainda sofre para aprender socialmente em uma capacidade semelhante à dos humanos," disse o professor Charley Wu. "De fato, é nossa extraordinária capacidade de aprendizado social e cultural que desempenhou um papel fundamental no sucesso da espécie humana. Uma melhor compreensão dessa habilidade pode nos permitir incorporar princípios semelhantes à IA, como em assistentes virtuais ou algoritmos de recomendação".
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