Mudança nos crânios
Os seres humanos modernos aparecem no registro fóssil cerca de 200.000 anos atrás, mas foi apenas há cerca de 50.000 anos que a arte e a construção de ferramentas avançadas se generalizaram.
Robert Cieri, da Universidade de Utah (EUA), acredita que isso aconteceu devido ao que parece ser uma redução no nível do hormônio testosterona nas populações humanas que se sucederam ao longo desses milênios.
Segundo ele, os crânios humanos mudaram de uma maneira que indica uma redução dos níveis de testosterona no mesmo período em que a cultura estava florescendo.
"Os comportamentos humanos modernos de inovação tecnológica, fazer arte e estabelecer intercâmbios culturais provavelmente vieram ao mesmo tempo em que desenvolvemos um temperamento mais cooperativo," disse Cieri.
Gentileza abre caminho para a civilização
A hipótese é baseada nas medições de mais de 1.400 crânios antigos e modernos.
Nesse período, desaparecem aos poucos as sobrancelhas grossas e as cabeças se tornam mais arredondadas - o que os pesquisadores chamam de "traços mais femininos" -, o que poderia estar associado com uma redução dos níveis de testosterona atuando sobre o esqueleto.
Com menos testosterona - o hormônio masculino por excelência - os seres humanos teriam-se tornado mais gentis uns com os outros e mais cooperativos, levando ao florescimento da civilização.
Em um estudo clássico com raposas siberianas, animais que eram menos cautelosos e menos agressivos para os humanos assumiram uma aparência e comportamento diferentes, parecendo mais joviais depois de várias gerações de cruzamentos seletivos.
"Se vimos um processo que leva a essas mudanças em outros animais, isso pode ajudar a explicar quem nós somos e como chegamos a ser desse jeito," defende Brian Hare, coautor do estudo.
Progresso humano
Há uma série de teorias sobre por que, depois de 150 mil anos de existência, o ser humano de repente deu um salto no desenvolvimento e uso da tecnologia.
Cerca de 50.000 anos atrás, surgiram inúmeras provas da fabricação de ferramentas de ossos, chifres e lascas de sílex, armas de projéteis, tiras de couro, equipamentos de pesca e controle preciso do fogo.
Se isto foi impulsionado por uma mutação do cérebro, pelos alimentos cozidos, pela agricultura ou pelo advento da linguagem ninguém sabe - teorias não faltam.
Este novo estudo argumenta que viver juntos e cooperando uns com os outros estabeleceu uma espécie de "prêmio pela afabilidade", diminuindo a agressividade, o que, por sua vez, levou a alterações nos rostos e mais intercâmbio cultural entre os grupos.
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