17/06/2024

Risco de recaída da malária aparece no sangue de pacientes

Redação do Diário da Saúde
Risco de recaída da malária aparece no sangue de pacientes
Plasmodium vivax. As setas indicam os estágios sanguíneos assexuados de anel (cinza), trofozoíto (azul), esquizonte (verde) e o estágio sexuado conhecido como gametócito (vermelho).
[Imagem: Laboratório de Doenças Tropicais/Unicamp]

Biomarcadores

Cientistas brasileiros descobriram que é possível fazer um exame em pacientes com malária para saber quais têm maior chance de uma recaída da doença.

A pesquisa também indicou possíveis biomarcadores associados à recorrência da malária, trazendo informações relevantes sobre potenciais alvos para o desenvolvimento de novos medicamentos antimaláricos.

A forma mais comum de malária no Brasil é a causada pelo parasita Plasmodium vivax. Embora a espécie provoque um quadro mais brando em comparação à P. falciparum, ela possui uma característica que torna o controle da doença muito difícil: A capacidade de produzir formas dormentes do protozoário no fígado do hospedeiro que podem ser reativadas meses após o término do tratamento. Esse fenômeno, chamado recorrência ou recaída, pode ser responsável por aproximadamente 90% dos casos no país.

Para estudar esse fenômeno, pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), do Estado do Amazonas (UEA) e Federal de Goiás (UFG) analisaram o plasma sanguíneo de 51 pacientes amazônicos com malária vivax recorrente, e de 59 não recorrente (que estavam ainda no primeiro episódio da doença), na tentativa de compreender como o metabolismo dos voluntários foi afetado durante esses dois momentos da infecção.

Recaída da malária

Majoritariamente, a recaída aconteceu entre 40 e 60 dias após o evento inicial, e a análise das amostras de sangue dos pacientes revelou dezenas de metabólitos significativos nos participantes (52 nos recorrentes e 37 nos não recorrentes).

"No momento em que o paciente chega com o episódio inicial de malária, há uma superexpressão de metabólitos, situação que muda completamente nos episódios de recorrência, caracterizada pelo maior número de metabólitos diminuídos," contou a pesquisadora Jessica Alves.

Os pesquisadores realizaram ainda uma análise de dados mais aprofundada, que revelou o enriquecimento de outras vias metabólicas para o fenótipo da malária recorrente, incluindo substâncias como butanoato, aspartato, asparagina e N-glicano. "Todos esses marcadores podem sugerir vias com associação à recorrência e podem, no futuro, ser usados para caracterizá-la," disse a professora Gisely de Melo.

Esses biomarcadores e suas vias metabólicas agora poderão ser estudados de modo mais aprofundado, para tentar caracterizar o processo de recaída e evitá-lo. "Não temos, hoje, como diagnosticar as recaídas e tratá-las adequadamente," disse Gisely.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Host metabolomic responses in recurrent P. vivax malaria
Autores: Michael N. Yakubu, Victor I. Mwangi, Rebeca L. A. Netto, Maria G. C. Alecrim, Jessica R. S. Alves, Anne C. G. Almeida, Gabriel F. Santos, Gesiane S. Lima, Lucas S. Machado, Hector H. F. Koolen, Tiago P. Guimarães, Andrea R. Chaves, Boniek G. Vaz, Wuelton M. Monteiro, Fabio T. M. Costa, Marcus V. G. Lacerda, Luiz G. Gardinassi, Gisely C. de Melo
Publicação: Nature Scientific Reports
Vol.: 14, Article number: 7249
DOI: 10.1038/s41598-024-54231-5
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