28/02/2025

Respiração e visão estão conectadas: Nossa pupila varia conforme respiramos

Redação do Diário da Saúde
Respiração e visão estão conectadas: Nossa pupila varia conforme respiramos
O efeito aconteceu em todas as situações testadas.
[Imagem: Martin Schaefer et al. - 10.1113/JP287205]

Respiração altera tamanho da pupila

Há mais de um século, conhecemos três mecanismos que podem alterar o tamanho da nossa pupila: A quantidade de luz, a distância do foco e fatores cognitivos, como emoção ou esforço mental.

Agora, cientistas descobriram um quarto mecanismo: A respiração.

Martin Schaefer e colegas do Instituto Karolinska (Suécia) descobriram que a pupila é menor durante a inspiração e maior durante a expiração - e em uma intensidade que pode afetar nossa visão.

Assim como a abertura do obturador de uma câmera, a pupila controla a quantidade de luz que chega ao olho. Portanto, ela é fundamental para nossa visão e como percebemos nossos arredores. Mas ninguém sabia que a respiração influenciava seu funcionamento.

"Este mecanismo é único, pois ele é cíclico, sempre presente e não requer estímulo externo. Como a respiração afeta a atividade cerebral e as funções cognitivas, a descoberta pode contribuir para uma melhor compreensão de como nossa visão e atenção são reguladas," disse o professor Artin Arshamian, coordenador da equipe.

O efeito persistiu mesmo quando os mais de 200 participantes respiravam rápida ou lentamente, pelo nariz ou pela boca, se as condições de iluminação ou a distância de fixação variavam, ou se eles estavam descansando ou realizando tarefas visuais.

Efeito sobre a visão

A diferença no tamanho da pupila entre a inspiração e a expiração é grande o suficiente para, ao menos teoricamente, afetar a visão.

E é justamente nesse aspecto - se a alteração da pupila induzida pela respiração afeta a visão - que a equipe pretende trabalhar agora. "Nossos resultados sugerem que nossa visão pode alternar entre otimizar para distinguir pequenos detalhes quando inspiramos e detectar objetos tênues quando expiramos, tudo dentro de um único ciclo respiratório," hipotetizou Schaefer, que pretende testar se isso é mesmo verdade.

A descoberta também pode ter implicações clínicas. "Uma aplicação potencial são novos métodos para diagnosticar ou tratar condições neurológicas como a doença de Parkinson, onde danos à função pupilar são um sinal precoce da doença," disse Arshamian. "Isso é algo que queremos explorar no futuro."

Checagem com artigo científico:

Artigo: The Pupillary Respiratory-Phase Response: Pupil size is smallest around inhalation onset and largest during exhalation
Autores: Martin Schaefer, Sebastiaan Mathôt, Mikael Lundqvist, Johan N. Lundström, Artin Arshamian
Publicação: The Journal of Physiology
DOI: 10.1113/JP287205
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