23/06/2020

Quais são os riscos e benefícios de tomar aspirina preventivamente?

Redação do Diário da Saúde

Prevenção arriscada

Tomar pequenas doses de aspirina preventivamente reduz o risco de doença cardiovascular, mas aumenta muito mais significativamente o risco de sangramento.

Esta é a palavra mais recente da ciência sobre o assunto, de acordo com uma revisão sistemática da literatura médica publicada no British Journal of Clinical Pharmacology.

Nicola Veronese e um time de várias instituições europeias conduziram a revisão porque o equilíbrio geral entre riscos e benefícios de tomar aspirina é um dos assuntos mais controversos da medicina atualmente.

A equipe reuniu informações de análises de todos os estudos observacionais relevantes e ensaios clínicos randomizados feitos no passado recente.

O uso de aspirina em baixa dose por pessoas sem doença cardiovascular mostrou-se associado a uma incidência 17% menor de eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos não fatais, derrames não fatais ou mortes relacionadas a doenças cardiovasculares.

Por outro lado, o uso preventivo de aspirina em baixa dose também foi associado a um risco 47% maior de sangramento gastrointestinal e um risco 34% maior de sangramento intracraniano.

"Esses riscos e benefícios precisam ser ponderados em análises formais de decisão para orientar o uso de aspirina na prevenção primária," ponderou o professor Lee Smith, da Universidade Anglia Ruskin (Reino Unido).

Os autores da meta-análise observam que, embora tenham sido avaliadas muitas dezenas de efeitos na saúde - além das doenças cardiovasculares e dos sangramentos -, as evidências para esses outros efeitos permanecem fracas e, portanto, não devem ser uma consideração importante ao decidir se se deve usar aspirina preventivamente, mesmo em baixas doses.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Effect of low?dose aspirin on health outcomes: An umbrella review of systematic reviews and meta?analyses
Autores: Nicola Veronese, Jacopo Demurtas, Trevor Thompson, Marco Solmi, Gabriella Pesolillo, Stefano Celotto, Tommaso Barnini, Brendon Stubbs, Stefania Maggi, Alberto Pilotto, Graziano Onder, Evropi Theodoratou, Alberto Vaona, Joseph Firth, Lee Smith, Ai Koyanagi, John P. A. Ioannidis, Ioanna Tzoulaki
Publicação: British Journal of Clinical Pharmacology
DOI: 10.1111/bcp.14310
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