Cérebro corrompido
Cientistas da Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, descobriram como a cocaína corrompe o cérebro para causar dependência.
Os resultados - os primeiros a associar a ativação de neurônios específicos a alterações no sistema de recompensas alimentado pela cocaína - foram publicados no último exemplar da revista Science.
Esta associação pode ajudar os pesquisadores a desenvolver novas formas de tratar os viciados em drogas.
Neurônios da recompensa
A equipe da Dra Mary Kay Lobo descobriu que os dois grupos principais de neurônios (D1 e D2) na região do núcleo accumbens do cérebro - uma parte importante do centro de recompensa - exercem efeitos opostos sobre a recompensa da cocaína.
A ativação dos neurônios D1 aumenta a recompensa da cocaína, enquanto a ativação dos neurônios D2 diminui a recompensa da cocaína.
"Os dados sugerem um modelo no qual a exposição crônica à cocaína resulta em um desequilíbrio na atividade nos dois neurônios do núcleo accumbens: um aumento da atividade em neurônios D1 combinada com uma menor atividade nos neurônios D2," disse Lobo. "Isso sugere ainda que o sinalizador BDNF-TrkB nos neurônios D2 medeia esta diminuição da atividade nos neurônios D2".
BDNF é o fator neurotrófico derivado do cérebro, uma proteína conhecida por sua participação na sobrevivência neuronal, na aprendizagem, na memória e no abuso de drogas. TrkB é o receptor desse fator.
Novas terapias
O estudo foi realizado utilizando a optogenética, uma tecnologia óptica capaz de controlar a atividade neuronal em seres vivos movendo-se livremente.
"Esta nova informação fornece uma compreensão fundamentalmente nova da forma como a cocaína corrompe o centro de recompensas do cérebro e, em particular, como a cocaína pode afetar de forma diferente dois subtipos neuronais que são interligados de forma heterogênea no núcleo accumbens", disse Eric Nestler, coautor do estudo.
"Poderemos usar essa informação para desenvolver novas terapias para a dependência de cocaína, possivelmente destinadas a alterar seletivamente a atividade neuronal em cada subtipo de neurônios," conclui ele.
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