17/02/2025

Pessoas trapaceiam a si mesmas para se sentirem mais inteligentes e saudáveis

Redação do Diário da Saúde
Pessoas trapaceiam a si mesmas para se sentirem mais inteligentes ou mais saudáveis
O comportamento desonesto prejudica a própria pessoa, mas isso parece não importar para alguns.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Trapacear a si mesmo

Por que as pessoas trapaceiam em tarefas como completar palavras cruzadas ou contar calorias em sua alimentação, considerando que as supostas "recompensas" são puramente consigo mesmas, como se sentir mais inteligente ou mais saudável?

Ao investigar esse assunto, a professora Sara Dommer, da Universidade do Estado da Pensilvânia (EUA), descobriu que, quando a trapaça oferece a oportunidade de melhorar a autopercepção, os indivíduos se envolvem no que ela chama de "autoengano diagnóstico", ou seja, as pessoas trapaceiam, mas só enganam a si mesmas, atribuindo seu desempenho elevado à sua habilidade inata, sem nunca reconhecer a própria trapaça.

Há um dito popular que diz que, se alguém me engana uma vez, a vergonha é dela, e não minha. Mas, neste caso, você engana a si mesmo, e aparentemente não há vergonha em jogo, resultando apenas em que você acaba se sentindo mais inteligente - ou mais saudável ou o que esteja envolvido na sua "autotrapaça".

"Eu descobri que as pessoas trapaceiam quando não há incentivos extrínsecos, como dinheiro ou prêmios, mas recompensas intrínsecas, como se sentir melhor consigo mesmo," disse Dommer. "Para que isso funcione, tem que acontecer por meio de autoengano diagnóstico, o que significa que tenho que me convencer de que não estou trapaceando. Fazer isso me permite sentir mais inteligente, mais realizado ou mais saudável."

Trapaça é sempre ruim

Para a pesquisadora, a sociedade ocidental tende a pensar em trapaça como um ato estratégico e intencional. Mas seus experimentos mostram que, algumas vezes, a trapaça acontece além da percepção consciente.

"Não acho que exista uma trapaça boa e uma trapaça ruim," disse ela. "Só acho interessante que nem toda trapaça precisa ser consciente, explícita e intencional. Dito isso, essas autocrenças ilusórias ainda podem ser prejudiciais, especialmente ao avaliar sua saúde financeira ou física. Quando uma pessoa se envolve em autoengano diagnóstico, ela pode subutilizar produtos e serviços projetados para ajudá-la. É por isso que é importante estar ciente das crenças ilusórias e se esforçar para buscar autoavaliações precisas."

Para evitar que as pessoas se envolvam em autoengano diagnóstico, a pesquisadora sugere chamar a atenção delas para a incerteza em torno desse traço em si mesma. Quando ela colocou um alerta para os voluntários durante os experimentos, a trapaça diminuiu.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Acting Immorally to Self-Enhance: The Role of Diagnostic Self-Deception
Autores: Sara Loughran Dommer
Publicação: Journal of the Association for Consumer Research
DOI: 10.1086/732915
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