Por que as pessoas cometem crimes?
As pessoas costumam machucar os outros porque, em sua mente, é moralmente correto ou mesmo obrigatório ser violento e, como resultado, não respondem racionalmente aos benefícios materiais.
Essa afirmação soa estranha?
Pois esta é a conclusão impressionante de um estudo psicológico cujos resultados têm implicações para o sistema de justiça criminal, sugerindo que multas ou prisão para penalizar o mau comportamento podem não ser um impedimento tão eficaz para evitar novos crimes como os legisladores esperam.
"Para a maioria dos infratores, não vale a pena infligir danos puramente por ganância cínica," explica o professor Tage Rai, da Universidade da Califórnia em San Diego. "Por exemplo, muitos dos perpetradores do ataque ao Capitólio acreditavam que a eleição havia sido roubada deles e que eles estavam moralmente no direito de punir os congressistas que os prejudicaram. Muitas dessas pessoas serão punidas materialmente por suas ações. O que não está claro é se isso as impediria de fazer tudo novamente."
Como diminuir os crimes
Os pesquisadores realizaram vários experimentos com quase 1.500 participantes. Os voluntários de um grupo deviam julgar o comportamento de outros. Ocorre que eles recebiam um bônus monetário para cada julgamento - o que ocorreu foi que, depois que eles receberam essa recompensa por punir, isso os tornou menos propensos a aplicar punições nos eventos seguintes.
Ou seja, as pessoas infligiram danos aos outros apenas quando achavam que estavam fazendo a coisa certa. Mas, quando passaram a receber dinheiro por isso, começaram a questionar seus próprios motivos.
"Ganhos monetários podem entrar em conflito com suas justificativas morais percebidas," explica Rai. "As pessoas punem os outros para sinalizar sua própria bondade, e receber compensação pode fazer parecer que são movidos pela ganância e não pela justiça. No entanto, também acho que, se seus colegas lhe disserem que você ainda é uma boa pessoa mesmo se você pegar o dinheiro, então você não terá mais escrúpulos morais em prejudicar os outros para obter um ganho."
A conclusão dos psicólogos é que, para evitar atos criminosos, os legisladores também devem levar em conta e tirar proveito da pressão social.
"Quando as pessoas estão cientes de que estão sendo julgadas negativamente por seus pares, elas podem se sentir mais propensas a questionar suas reivindicações de retidão moral," explicou o pesquisador. "Se os governos estão tentando desincentivar os criminosos, eles também devem procurar mudar as narrativas morais que os criminosos usam para justificar suas ações."
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