17/06/2020

Pensamento negativo repetitivo aumenta risco de Alzheimer

Redação do Diário da Saúde
Pensamento negativo repetitivo aumenta risco de Alzheimer
Não é de hoje que os pesquisadores alertam: Pense positivo e cure a si mesmo.
[Imagem: Jesus Solana/Wikimedia]

Ruminação e demência

O envolvimento persistente com padrões de pensamento negativo - o que os psicólogos chamam de "ruminação" - pode aumentar o risco de doença de Alzheimer.

Em uma avaliação de centenas de pessoas com mais de 55 anos, os pesquisadores descobriram que o "pensamento negativo repetitivo" (PNR) está ligado ao subsequente declínio cognitivo, bem como à deposição de proteínas prejudiciais do cérebro ligadas ao Alzheimer.

Os pesquisadores afirmam que a ruminação deve agora ser investigada como um potencial fator de risco para a demência, e ferramentas psicológicas, como terapia da atenção plena ou meditação, devem ser estudadas para verificar se elas podem reduzir o risco de demência ao se contrapor aos pensamentos negativos repetitivos.

"Depressão e ansiedade na meia-idade e na velhice já são fatores de risco para demência. Aqui, descobrimos que certos padrões de pensamento implicados na depressão e na ansiedade podem ser uma razão subjacente pela qual as pessoas com esses distúrbios têm maior probabilidade de desenvolver demência.

"Tomados em conjunto com outros estudos, que vinculam depressão e ansiedade ao risco de demência, acreditamos que os padrões de pensamento negativos crônicos por um longo período de tempo possam aumentar o risco de demência. Não acreditamos que as evidências sugiram que contratempos de curto prazo aumentem o risco de demência.

"Esperamos que nossas descobertas possam ser usadas para desenvolver estratégias para reduzir o risco de demência das pessoas, ajudando-as a reduzir seus padrões de pensamento negativo," disse a professora Natalie Marchant, da Universidade College de Londres.

Pensamento negativo contra amiloide

Durante um período de dois anos, os participantes do estudo responderam a perguntas sobre como eles tipicamente pensavam sobre experiências negativas, concentrando-se em padrões de PNR (pensamento negativo repetitivo), como a reflexão sobre o passado e a preocupação com o futuro. Os participantes também completaram avaliações de sintomas de depressão e ansiedade.

Os resultados mostraram que as pessoas que apresentavam padrões mais altos de PNR experimentaram um declínio cognitivo maior durante o período de quatro anos seguintes, um declínio na memória (que está entre os sinais precoces da doença de Alzheimer) e eram mais propensas a ter depósitos de amiloide e tau no cérebro.

A ocorrência de depressão e ansiedade foi associada ao declínio cognitivo subsequente, mas não à deposição de amiloide ou tau, sugerindo que os PNRs poderiam ser a principal razão pela qual depressão e ansiedade contribuem para o risco da doença de Alzheimer.

"Nós propomos que o pensamento negativo repetitivo pode ser um novo fator de risco para a demência, pois poderia contribuir para a demência de uma maneira única," disse Marchant.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Repetitive negative thinking is associated with amyloid, tau, and cognitive decline
Autores: Natalie L. Marchant, Lise R. Lovland, Rebecca Jones, Alexa Pichet Binette, Julie Gonneaud, Eider M. Arenaza Urquijo, Gael Chételat, Sylvia Villeneuve
Publicação: Alzheimer's & Dementia
DOI: 10.1002/alz.12116
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