A cultura ocidental enfatiza muito a importância da mãe para a criação dos filhos.
E muitos estudos científicos atestam a importância dessa relação.
Mas muito pouco se fala ou se pesquisa sobre a importância de um pai para o desenvolvimento das crianças.
Francis Bambico e Gabriella Gobbi, da Universidade McGill (Canadá), resolveram colocar de lado o preconceito e comparar o efeito sobre os filhos da criação sem a presença do pai.
Além dos efeitos comportamentais, a dupla analisou imagens cerebrais dos filhos envolvidos em busca de sinais biológicos das eventuais diferenças.
Eles verificaram que a ausência de um pai durante os períodos críticos de crescimento resulta no comprometimento do desenvolvimento das habilidades sociais e comportamentais das crianças, que vão apresentar esses problemas na fase adulta.
Controle familiar
Segundo a Dra. Gobbi, este é o primeiro estudo a vincular o absenteísmo do pai com atributos sociais e correlacioná-lo com mudanças físicas no cérebro.
Como seria muito difícil e demorado acompanhar várias crianças até a fase adulta, a equipe usou animais de laboratório em sua pesquisa.
"Embora tenhamos usado camundongos, os resultados são extremamente relevantes para os seres humanos," diz ela.
Isso porque é possível controlar o ambiente e equalizar os fatores que diferem nas diversas famílias - nos humanos seria impossível controlar todas as influências durante o desenvolvimento.
"Nós usamos camundongos Califórnia que, como nas populações humanas, são monogâmicos e criam sua prole juntos," acrescentou Bambico.
Filhos sem pai
Os filhotes criados sem pai apresentaram interações sociais anormais e se tornaram mais agressivos do que aqueles criados por um pai e uma mãe.
Estes efeitos foram mais fortes entre as fêmeas do que entre seus irmãos.
As fêmeas criadas sem pais também apresentaram maior sensibilidade a uma droga estimulante, a anfetamina.
Nos filhotes privados dos pais foram identificadas anomalias no córtex pré-frontal, uma parte do cérebro que ajuda a controlar a atividade social e cognitiva.
"Os déficits comportamentais que observamos são consistentes com estudos humanos de crianças criadas sem um pai," disse a Dra. Gobbi. "Estas crianças apresentam um maior risco de comportamentos desviantes e, em particular, as meninas apresentam risco de abuso de substâncias. Isto sugere que estes camundongos são um bom modelo para a compreensão de como estes efeitos surgem em seres humanos."
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