Nicho de células-tronco
Um grupo internacional de pesquisadores descobriu que o saber científico atual sobre os mecanismos que regulam e resultam no crescimento do corpo humano está errado.
Até agora, os cientistas diziam, que ao nascer, o corpo humano tinha um certo número de células para crescer o esqueleto e, quando esse estoque de células acabava, não ocorria mais crescimento.
No entanto, Phillip Newton e seus colegas da Suécia e da Rússia descobriram uma área especial da placa de crescimento - uma estrutura que permite o crescimento longitudinal dos ossos -, chamada nicho de células-tronco, que pode produzir um número teoricamente ilimitado de novas células ósseas.
Nichos são microambientes que abrigam células-tronco de várias origens, ambientes que geram as condições necessárias para que elas permaneçam indiferenciadas até serem necessárias ao organismo.
Assim, parece que o crescimento não pára quando todas as células de crescimento são usadas, mas quando o nicho de células-tronco é destruído ou desativado por algum mecanismo ainda por ser desvendado.
Esta descoberta altera todo o conceito do crescimento humano e pode sugerir novos métodos de tratamento de distúrbios de crescimento em crianças.
"Em nosso artigo, destacamos que o crescimento esquelético é baseado no chamado princípio do nicho de células-tronco que descobrimos e caracterizamos. Ele sugere abordagens completamente novas para o tratamento de crianças com distúrbios de crescimento. Quando entendermos como o nicho é controlado, seremos capazes de regulá-lo e deixar as crianças com distúrbios de crescimento crescerem o quanto quiserem," disse o professor Andrei Chagin, da Universidade Sechenov (Rússia).
Como as crianças crescem?
O crescimento das crianças é assegurado pela placa de crescimento - uma área de divisão e crescimento de células de tecido cartilaginoso, ou condrócitos. As placas são discos estreitos com cerca de 1 mm de espessura. Elas estão localizadas em cada extremidade de um osso, entre a cabeça e a parte principal, exceto vários ossos do crânio, pélvis e escápula.
Dentro de uma placa de crescimento existem células progenitoras, as células-tronco precursoras dos condrócitos. Elas se diferenciam em condrócitos, e estes se dividem, crescem e morrem, deixando para trás uma carcaça mineralizada feita da substância intercelular na qual o tecido ósseo posteriormente se fundamentará. É esse o processo que permite o crescimento das crianças, e quaisquer distúrbios no processo podem levar a várias anomalias de crescimento, incluindo crescimento atrofiado e microplasia.
Até agora, os cientistas acreditavam que as células progenitoras eram usadas durante todo o processo de crescimento esquelético longitudinal e, quando não havia mais dessas células na placa de crescimento, o crescimento parava.
Contudo, a vida dessas células é breve e o número de suas divisões é limitado. Por isso, era difícil entender como elas seriam capazes de produzir os inumeráveis condrócitos necessários para garantir o crescimento do tecido ósseo por muitos anos.
Nicho epifiseal
Newton e seus colegas descobriram o nicho de células-tronco - que eles batizaram de epifiseal - ao estudar a formação de um centro secundário de ossificação (calcificação) na cabeça do osso.
A pesquisa foi realizada em camundongos, e levará algum tempo e estudos adicionais para confirmar que o mecanismo é aplicável aos humanos. A equipe acredita que sim porque esse centro secundário surge nos camundongos com três semanas de idade e nas crianças no final do primeiro ano de vida
Se for confirmado que as crianças crescem com base nos mesmos princípios de funcionamento da placa de crescimento e seu nicho de células-tronco, será necessário reconsiderar os métodos de tratamento para as crianças com distúrbios de crescimento. E esse novo conhecimento pode explicar as razões pelas quais o crescimento das crianças pára após um trauma e após uma quimioterapia, sugerindo novos métodos de tratamento.
O estudo foi publicado na revista Nature.
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