Memórias escondidas
Você vê uma pessoa na rua que lhe parece familiar, mas não consegue lembrar seu nome e nem de onde a conhece. Uma nova pesquisa feita da Universidade de Irvine (EUA) sugere que sua memória sobre essa pessoa está lá, em alguma parte do seu cérebro - você apenas não consegue acessá-la.
Usando técnicas avançadas para fazer imagens do cérebro, os cientistas descobriram que a atividade cerebral de uma pessoa quando ela se lembra de um evento passado é muito semelhante à atividade que ocorre quando ela passa por uma experiência pela primeira vez. Isto é verdade mesmo quando a pessoa não consegue se lembrar de detalhes de uma experiência passada.
Lembrar e esquecer quando necessário
Observando as imagens, os cientistas verificaram que os padrões de toda a cena anterior reaparecem no cérebro, mesmo que a pessoa não esteja consciente dos detalhes. Ou seja, a pessoa afirma não se lembrar, mas o "cérebro está se lembrando."
"Se os detalhes continuam lá, então poderá ser possível descobrir uma forma de acessá-los," diz Jeff Johnson, um dos autores do estudo que foi publicado no exemplar de Setembro do jornal médico Neuron.
"Entendendo como isso funciona em adultos jovens e saudáveis nós poderemos potencialmente ter ideias para lidar com situações onde nossas memórias falham de forma mais séria, como quando envelhecemos," diz ele. "Isto poderá ajudar também a lidar com memória vívidas de eventos traumáticos que nós gostaríamos de esquecer."
O experimento
Na pesquisa, estudantes foram colocados em um equipamento de ressonância magnética funcional (fMRI). Os pesquisadores mostravam-lhes palavras escritas e lhes pediam para fazer diversas tarefas: imaginar como um artista iria desenhar o objeto representado pela palavra, pensar sobre como o objeto é usado ou "pronunciar mentalmente" a palavra de trás para frente.
O equipamento de fMRI capturava imagens da atividade em seus cérebros durante cada uma das atividades.
Cerca de 20 minutos mais tarde, os estudantes viam as palavras uma segunda vez, devendo lembrar-se de quaisquer detalhes ligados a elas. Novamente foram feitas imagens da atividade de seus cérebros.
Memórias não conscientes
Utilizando um método matemático chamado análise de padrões, os cientistas associaram as diversas tarefas com padrões distintos de atividade cerebral. Quando um estudante tinha uma forte lembrança de uma palavra a partir de uma tarefa específica, o padrão era muito semelhante àquele gerado durante a própria tarefa.
Quando ele não se lembrava ou se lembrava apenas vagamente, o padrão não era tão proeminente, mas ainda assim podia ser reconhecido como pertencendo àquela tarefa em particular.
"O analisador de padrões pode identificar as tarefas com precisão com base nos padrões gerados, esteja a pessoa lembrando ou não de detalhes específicos," diz Johnson. "Isto nos diz se o cérebro sabe alguma coisa sobre o que aconteceu, mesmo se a pessoa não está consciente da informação."
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