Meditação pela paz
Um estudo após o outro tem mostrado que a meditação pode criar paz para o indivíduo. Ainda menos reconhecido é o fato de que a meditação, principalmente em grupo, pode fazer o mesmo pela sociedade.
Barry Spivack e Patricia Saunders, da Universidade de Denver (EUA), resolveram explorar qual é o mecanismo que faz com que práticas aparentemente isoladas possam ter efeitos de longo alcance.
Para isso, eles resolveram examinar todas as pesquisas científicas revisadas por pares já publicadas sobre o assunto.
A meta-análise confirmou as conclusões de que a meditação transcendental pode influenciar a consciência coletiva da sociedade, levando a reduções nos crimes violentos e fatalidades na guerra, e a aumentos na qualidade de vida e na cooperação entre as nações.
A novidade é que eles encontraram indícios de que o nível de ansiedade e tensão coletivas na sociedade, ou a "incoerência na consciência coletiva", é o elemento-chave desse resultado de longo alcance da meditação.
Os resultados são tão impressionantes que a dupla achou que apenas mais um artigo científico não seria suficiente para divulgar o peso e a importância dessas conclusões. Por isso, eles decidiram lançar um livro, que eles intitularam "Um Antídoto para a Violência: Avaliando as Evidências" (ainda não lançado no Brasil).
Alcance social da meditação
Barry Spivack e Patricia Saunders descrevem como um aumento das tensões coletivas se espalha pela sociedade, levando a um aumento da agitação social, dos crimes, da violência, das mortes acidentais e até das emergências hospitalares.
Eles examinaram 20 experimentos revisados por pares, todos de grande envergadura e realizados ao longo de mais de quatro décadas. A conclusão geral desses experimentos é que é possível neutralizar ou reduzir o estresse na consciência coletiva através da prática da meditação transcendental por um número suficiente de indivíduos - garantido o tamanho mínimo do grupo, os efeitos da meditação são amplificados para a sociedade.
Cada um desses experimentos analisados consistia em números suficientes de meditadores isolados ou em grupo, por um período de semanas ou meses e, em alguns casos, anos, em sociedades assoladas pela violência, como foram os casos dos 93 dias experimentais no Líbano entre 1983 e 1985, no Camboja entre 1990 e 2008, e nos EUA entre 2007 e 2010.
Em todos os casos, os indicadores de violência foram comparados com os quatro anos anteriores nos mesmos locais. E, em todos os casos, ocorreram quedas significativas na violência durante os períodos em que o número de meditadores era alcançado ou ficava acima do limiar previsto.
Evidências dos efeitos da meditação
A dupla garante que os resultados fornecem evidências consistentes com uma interpretação causal.
Estabelecer causalidade nas ciências sociais é difícil. "No entanto," disse Spivack, "existem pelo menos seis razões pelas quais a pesquisa fornece evidências para a hipótese de que a meditação transcendental reduz conflitos e divisões na sociedade e melhora o desempenho econômico, o que é consistente com uma interpretação causal".
Veja as seis razões:
Com tantas evidências, não é de se estranhar o fato de que alguns cientistas já defendem que a meditação deveria ser ensinada nas escolas.
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