Interesse comercial
Ao longo dos últimos anos, médicos e pesquisadores desenvolveram milhares de soluções inovadoras que se mostraram altamente eficientes para os pacientes e voluntários nos quais elas foram testadas.
Mas essas invenções e desenvolvimentos não estão disponíveis para a humanidade como um todo: elas permanecem nas "prateleiras" das universidades e institutos de pesquisas.
Segundo o Dr. Richard Goossens, na Universidade de Twente, na Holanda, a principal razão para que essas descobertas não se transformassem em produtos disponíveis no mercado é a falta de interesse comercial.
Invenções abandonadas
Apenas em sua própria universidade, o Dr. Goossens identificou 400 aplicações médicas desenvolvidas nos últimos anos que nunca viraram realidade para os pacientes.
"Aqui na universidade nós temos inúmeros exemplos de descobertas médicas que poderiam ser colocadas diretamente em operação," conta ele, que agora está tentando viabilizar um fundo de investimento para tentar redescobrir esses "produtos esquecidos", como ele chama as invenções abandonadas.
"Infelizmente, muitas descobertas médicas úteis nunca foram totalmente desenvolvidas," continua Goossens. "Veja o caso da Síndrome de Crigler-Najjar (CNS). Pacientes que sofrem desta condição acumulam bilirrubina, um perigoso subproduto liberado durante a decomposição de glóbulos vermelhos deficientes. Se não for tratada, essa condição é potencialmente fatal. O tratamento envolve horas de terapia de luz em uma base diária, o que torna muito difícil para os pacientes irem para a escola, ao trabalho ou para as férias."
Um estudante da universidade idealizou um "envelope corporal" portátil, forrado com luzes LED, que permite que os pacientes submetam-se à terapia de luz ao longo de todo o dia, quaisquer que sejam suas atividades diárias.
"No entanto, como existem apenas algumas dezenas de pessoas com esta condição na Holanda, os fabricantes não consideram o produto como uma opção viável," lamenta-se ele.
Outro exemplo é um pára-choques para cadeira de rodas infantis, que permite que as crianças com deficiência possam se comportar tão mal quanto as outras crianças, e também dar suas birras - tudo sem correr o risco de ferir a si própria ou a outras pessoas quando sua cadeira de rodas sair dando trombadas.
Resultados positivos
Os primeiros resultados do esforço do Dr. Goossens, contudo, já começaram a surgir. É o caso do "plugue do útero". Durante um exame, o útero deve ser expandido, o que é feito injetando-se água em seu interior.
"Isto é desconfortável e doloroso para a paciente," diz o pesquisador. "Uma equipe de ginecologistas desenvolveu o plugue de útero, que permite que o útero seja expandido usando um gel. Quando o exame termina, o útero pode ser selado novamente usando o plugue," exemplifica ele.
Com o incentivo adequado, o artefato passou a ser produzido por uma empresa holandesa e já começa a chegar aos hospitais daquele país.
Talvez a solução para o problema esteja mesmo neste tipo de "cruzada do bem", em que técnicos das universidades cataloguem as inovações disponíveis e as apresentem aos empresários durante eventos especificamente idealizados para esse fim - é assim que o Dr. Goossens está fazendo.
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