Terapia optogenética em humanos
Um homem cego conseguiu os primeiros vislumbres de imagens graças a um tratamento experimental de alta tecnologia, usando optogenética, que envolve a alteração genética das células nervosas da retina para que elas voltem a responder à luz.
Os resultados mostram que o primeiro receptor desse tratamento conseguiu reconhecer diferentes objetos em testes de laboratório depois de um treinamento adequado.
Este é o primeiro resultado envolvendo a aplicação da optogenética em humanos.
A técnica já se tornou uma ferramenta de laboratório amplamente usada porque permite o controle preciso das células cerebrais, alterando-as para que disparem em resposta à luz. Isso levou a muitas descobertas sobre o cérebro em experimentos com animais.
Mas a crença generalizada na comunidade científica é que a optogenética teria um potencial médico limitado para o tratamento de distúrbios cerebrais em pessoas porque, para obter luz dentro da cabeça, é necessário implantar um cabo de fibra óptica, um tratamento absolutamente invasivo, com todos os riscos decorrentes.
Proteína de alga
Para evitar o inconveniente dos implantes, José-Alain Sahel e seus colegas pegaram um gene originalmente encontrado nas algas, que faz com que elas brilhem quando iluminadas com luz âmbar, e o implantaram em células da retina humana.
Essas células modificadas com a proteína das algas são então injetadas na retina do paciente - a proteína é conhecida como rodopsina de canal, um tipo de canal iônico controlado pela luz.
Para conseguir enxergar, os pacientes precisam usar óculos de proteção com câmeras e processadores, que transformam a luz comum em comprimentos de onda âmbar, e aumentam o sinal para que ela possa ser detectado pelas células alteradas.
Ou seja, é fácil ver o quanto algumas manchetes na imprensa não especializada cobriram mal o experimento: O ganho de visão é obtido por uma tecnologia experimental e altamente avançada, e não "usando algas".
Apenas visão parcial
A primeira pessoa a receber este tratamento, um homem de 58 anos na França portador de retinite pigmentosa, consegue ver as listras em preto e branco das faixas de pedestres na rua um ano após o implante.
Desde então, ele se tornou capaz de perceber objetos como um telefone, um móvel ou uma porta em um corredor. Em testes de laboratório, ele foi capaz de contar e localizar objetos à sua frente - mas não consegue reconhecer rostos.
Duas pessoas no Reino Unido já receberam a mesma terapia genética, mas ainda não tiveram treinamento para aprender a interpretar os sinais e, portanto, ainda não tiveram nenhuma melhora na visão. Quatro outras pessoas também receberam recentemente doses mais altas da injeção de células geneticamente modificadas, que a equipe espera trazer benefícios maiores.
Em sua forma atual, a terapia não consegue dar uma visão boa o suficiente para permitir a leitura ou reconhecimento de rostos, o que exigiria uma resolução que não pode ser alcançada pela tecnologia no estágio atual de desenvolvimento.
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