Além dos estereótipos
Quando se fala em cuidar dos filhos, ainda não nos livramos dos estereótipos culturais mais tradicionalistas, com a figura de uma mãe sensível e atenciosa e um pai... bem, um pai que provavelmente está no trabalho.
É claro que há verdades e meias-verdades em toda tradição cultural. Por exemplo, pesquisas têm mostrado que o modo de interação dos homens com seus filhos, tipicamente sendo mais diretos que as mães, levam a criança a sair da sua zona de conforto, dando coragem para correr riscos e incentivando-a a perseverar diante de frustrações.
Joyce Lee e suas colegas da Universidade de Michigan decidiram fazer justamente um estudo comparativo para aferir esses diferentes modos de interação e seus efeitos benéficos ou não para as crianças.
A conclusão das psicólogas é que as crianças podem precisar dos dois estilos parentais, o que as permite sentir o desafio de correr riscos, explorar e aprender com o mundo ao seu redor, mas também sentindo-se apoiadas pelo cuidado amoroso.
Perfis dos pais
As pesquisadoras trabalharam com famílias envolvidas em um projeto chamado Construindo Famílias mais Fortes, incluindo uma amostra racialmente diversa de 672 pais de baixa renda, com crianças em idade pré-escolar.
Os dados começaram por mostrar que os estereótipos culturais de mães delicadas e pais durões são apenas isso, estereótipos : as pesquisadoras encontraram de fato evidências de um padrão mais desafiador e diretivo usado por alguns pais, mas também por algumas mães.
As observações levaram a que pais e mães fossem classificados em um de três perfis: solidários, intrusivos e desafiadores/diretivos.
Ao contrário do que as pesquisadoras esperavam, poucos pais de baixa renda - o que tipicamente está associado com baixa escolaridade - foram observados como intrusivos, um comportamento que envolve um alto grau de controle e interferência dos pais e até um desrespeito às crianças - no pior caso, a intrusão leva ao que os pesquisadores chamam de pais helicópteros.
Modos de ser pai e mãe
Quando Lee e suas colegas compararam famílias em que pais e mães usavam estilos parentais similares ou diferentes descobriram que as crianças em famílias com pais desafiadores/diretivos não diferiam das crianças com pais solidários, em relação a problemas de comportamento infantil, comportamentos pró-sociais, segurança emocional e controle de esforço.
Como esperado, crianças com pais e mães que agem como rede de suporte tiveram as pontuações mais altas em habilidades de linguagem.
E, mais fundamentalmente, quando ambos os pais - mães e pais - se envolvem em um estilo de parentalidade desafiadora e diretiva, em um relacionamento familiar positivo, os filhos podem estar mais dispostos a correr alguns riscos e enfrentar os desafios que lhes são impostos, confiando que têm a proteção e apoio dos pais, disseram as pesquisadoras.
"Ao focar exclusivamente em um estilo de parentalidade que tradicionalmente tem enfatizado interações responsivas, afetivamente positivas e interações mãe-filho centradas na criança, podemos estar ignorando outras maneiras de parentalidade que também podem beneficiar o desenvolvimento sócio-emocional das crianças, desafiando-as a ir além, perseverar e ganhar autoconfiança no processo," disse Lee.
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