03/06/2020

Empresas maiores e mais tradicionais se beneficiam de não investir na segurança do trabalhador

Redação do Diário da Saúde
Empresas maiores e mais tradicionais se beneficiam de não investir na segurança do trabalhador
Produtividade não é apenas questão de segurança: Trabalhadores felizes são 13% mais produtivos.
[Imagem: JonKline/Pixabay]

Lucro com insegurança do trabalho

As empresas melhor equipadas para fornecer locais de trabalho seguros são as menos propensas a fazê-lo porque se beneficiam financeiramente ao renunciar ao custo de implementar práticas de segurança no local de trabalho.

Em alguns casos, as empresas com pedidos de indenizações por acidentes de trabalho tinham mais de 50% mais chances de sobreviver do que suas concorrentes que ofereciam maior segurança no trabalho.

Quando é mais barato pagar multas por violar as regulamentações da segurança no trabalho do que fornecer locais de trabalho seguros, isso indica que os regulamentos de segurança atuais não são suficientes para proteger os trabalhadores, ressaltam os pesquisadores.

"As organizações que não oferecem um local de trabalho seguro obtêm uma vantagem econômica sobre as que o fazem. O objetivo de melhorar a longevidade de um negócio entra em conflito com o objetivo de proteger a força de trabalho," disse o professor Anthony Veltri, da Universidade Estadual do Oregon (EUA).

Legislação inadequada

O estudo analisou a sobrevivência a curto e a longo prazo de mais de 100.000 organizações baseadas no estado do Oregon durante um período de 25 anos. Neste estudo, "sobrevivência" foi definida como operações em andamento, mesmo diante de uma mudança de propriedade.

Os pesquisadores determinaram se uma empresa oferecia um local de trabalho seguro examinando o histórico de reclamações trabalhistas por acidentes de trabalho incapacitantes - reivindicações incapacitantes incluem aquelas em que um trabalhador sofre uma incapacidade temporária que o obriga a tirar pelo menos três dias de folga do trabalho ou quando há a expectativa de uma incapacidade permanente.

Os resultados indicaram que o oferecimento de um local de trabalho seguro correlaciona-se negativamente com a sobrevivência da empresa, uma vez que as organizações com mais reclamações trabalhistas por acidentes de trabalho sobreviveram até 56% mais do que as organizações sem reclamações. O efeito foi mais forte entre empresas maiores e mais antigas - aquelas com maior probabilidade de ter os recursos para investir em práticas de segurança.

Altos custos de sinistros prejudicaram em maior monta a sobrevivência de empresas mais jovens ou menores, ou empresas que estavam crescendo rapidamente. Assim, concluem os pesquisadores, essas empresas menores e mais jovens têm um incentivo maior para proteger sua força de trabalho, mas provavelmente menos recursos para fazê-lo.

"Nossos resultados sugerem que as regulamentações de uma economia desenvolvida não são suficientes para incentivar a eliminação da falta de segurança [no trabalho]," conclui a equipe.

Os pesquisadores sugerem que regulamentações futuras precisam ser escritas e aplicadas para recompensar a inovação que melhore a segurança do trabalhador e aumente a probabilidade de sobrevivência da empresa.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The Tension Between Worker Safety and Organization Survival
Autores: Mark Pagell, Mary Parkinson, Anthony Veltri, John Gray, Frank Wiengarten, Michalis Louis, Brian Fynes
Publicação: Management Science
DOI: 10.1287/mnsc.2020.3589
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