24/05/2021

Dirigir cansa você? Você pode estar sofrendo de acelexcitação

Redação do Diário da Saúde
Dirigir cansa você? Você pode estar sofrendo de
Se você não se estressa ao volante, pode ser que sua mente esteja vagando enquanto você dirige.
[Imagem: Carryl Baldwin]

Excitação do acelerador

Se você é um motorista ansioso, o acelerador pode estar nos seus genes.

Pesquisadores até cunharam um novo termo para se referir ao ímpeto apresentado por alguns motoristas: "acelexcitação", ou "excitação do acelerador".

Tudo começou quando uma equipe de pesquisadores da Universidade de Houston (EUA) decidiu analisar por que alguns motoristas conseguem manter a calma ao volante, enquanto outros ficam cada vez mais irritados, perdendo a paciência até mesmo com os semáforos.

"Chamamos o fenômeno de 'acelexcitação'. Excitação é um termo da psicologia que descreve o estresse. Acelexcitação é o que identificamos como estresse provocado por eventos de aceleração, mesmo os pequenos," descreveu o professor Ioannis Pavlidis. "Pode ser em parte devido à predisposição genética. Foi um comportamento muito consistente, o que significa, com toda a probabilidade, que esta é uma característica humana inata."

Para chegar a essas conclusões, Pavlidis e seus alunos analisaram como os motoristas reagiam a eventos comuns de aceleração, velocidade e direção em um itinerário cuidadosamente monitorado.

Nesse experimento, 11 motoristas voluntários foram monitorados para sinais de estresse fisiológico instantâneo durante viagens separadas de meia hora, ao longo da mesma rota e na mesma minivan Toyota Sienna.

As medições de estresse foram feitas por meio de imagens térmicas visando os níveis de transpiração perinasal dos motoristas, que é uma resposta facial autônoma (involuntária) refletindo uma reação de luta ou fuga. Simultaneamente, um computador no carro funcionava como a caixa preta de um avião, registrando a aceleração, velocidade, força de frenagem e direção do veículo.

Motoristas estressados

Quando os dados foram analisados, os pesquisadores descobriram que cerca de metade dos participantes apresentava consistentemente o pico de estresse durante os períodos de aceleração comum, como acontece ao parar no sinal vermelho e prosseguir quando o sinal fica verde - a outra metade não apresentou mudanças notáveis em suas medições de linha de base.

"Isso tem todas as características de um estressor de longo prazo, com todas as implicações para a saúde e outras que isso pode acarretar," disse Pavlidis.

Ainda mais revelador foi a distância entre os dois extremos, entre os motoristas estressados e os motoristas calmos.

"As diferenças foram significativas, com os participantes 'acelerados' registrando quase 50% mais estresse do que os não acelerados," disse Pavlidis. "Além disso, as medições psicométricas, feitas por meio de um questionário padronizado aplicado a todos os voluntários no final da viagem, revelaram que os motoristas com acelexcitação se sentiam mais sobrecarregados."

Em outras palavras, os motoristas ansiosos ficavam mais exaustos depois de dirigir do que os motoristas calmos.

"Esta foi uma indicação clara de que a acelexcitação estava afetando os motoristas e que os motoristas não estavam conscientes disso," disse Pavlidis.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Arousal Responses to Regular Acceleration Events Divide Drivers Into High and Low Groups: A Naturalistic Pilot Study of Accelarousal and Its Implications to Human-Centered Design
Autores: Tung Huynh, Mike Manser, Ioannis Pavlidis
Publicação: Proceedings of th CHI Conference on Human Factors in Computing Systems 2021
Vol.: 454 Pages 1-7
DOI: 10.1145/3411763.3451809
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