25/11/2008

Descoberta a melhor forma para estudar. E aprender.

Inga Kiderra
Descoberta a melhor forma para estudar. E aprender.

[Imagem: Nebraska State Historical Society]

Aprendizado e tempo

Combine em um só dois ditados bem conhecidos - "A prática leva à perfeição" e "Tempo é tudo" - e você terá algo muito parecido com as descobertas publicadas no último exemplar da revista Psychological Science.

O espaçamento adequado entre as aulas, dizem os pesquisadores, pode melhorar dramaticamente o aprendizado. E maiores intervalos entre as sessões de estudo resultam em melhor lembrança da matéria estudada.

De forma inverso, estudar rapidamente na véspera - seja estudar matemática para fazer uma prova ou um idioma pouco antes de embarcar para uma viagem - não funciona no longo prazo.

Orientação para os estudantes

"Não parece mais que seja prematuro que os psicólogos forneçam algumas regras amplas para aqueles que desejam usar o tempo de estudo da forma mais eficaz possível a fim de promover a maior retenção a longo prazo," escrevem os pesquisadores Hal Pashler e John Wixted, da Universidade da Califórnia, em San Diego.

Na pesquisa, mais de 1.000 voluntários participaram de três aulas. Na primeira eles ouviram fatos verdadeiros, mas obscuros, sobre a Noruega e a União Européia. A segunda sessão consistiu em uma revisão dos mesmos fatos. O tempo entre as aulas variou de poucos minutos a vários meses. O tempo de estudo foi mantido constante em todas as condições. Depois de um certo tempo, que durou até um ano para alguns participantes, todos foram testados para avaliação do conhecimento recebido nas primeiras duas aulas.

Como aumentar o aprendizado

Quando o intervalo entre a segunda aula e o teste foi aumentado, como era de se esperar, a lembrança dos fatos piorou - refletindo a curva do esquecimento familiar aos pesquisadores.

A descoberta interessante, contudo, foi que o aumento do tempo entre as duas aulas reduziu a taxa de esquecimento. Esta redução no esquecimento foi muito grande - algumas vezes aumentando a probabilidade de que a informação seria relembrada na última sessão em até 50%.

"A descoberta de que um maior espaçamento entre as sessões de estudo pode aumentar a lembrança mais tarde era esperada, baseado em pesquisas anteriores feitas ao longo do último século. Entretanto, os resultados do nosso estudo revelam um número de novos fatos que não eram conhecido," explica Pashler.

Tempo de aprender e tempo de revisar

"Em primeiro lugar, o estudo usou intervalos de tempo muito maiores do que nas pesquisas anteriores, e aconteceu que os efeitos foram maiores do que os observados nos estudos anteriores, que usaram períodos de tempo muito mais curtos.

"Em segundo lugar, os resultados mostraram que há um valor ótimo para o hiato entre a aula inicial e o teste final, e que esse espaçamento ótimo varia com o intervalo de retenção final: quando mais longo for o intervalo final, maior será o período ótimo entre o estudo e o teste," afirmam os pesquisadores.

Lembrando do que se aprendeu

Os resultados sugerem, segundo Pashler, que o tempo ótimo no qual se deve assistir as aulas depende de por quanto tempo a informação deverá ser retida: "Se você quer se lembrar da informação por apenas uma semana, é provavelmente melhor se as aulas forem espaçadas por um ou dois dias. Por outro lado, se você quer se lembrar das informações por um ano, é melhor que o aprendizado seja espaçado por cerca de um mês."

Extrapolando os resultados, acrescenta ele, "parece plausível que, sempre que o objetivo seja que alguém se lembre de uma informação por toda a vida, é provavelmente melhor que ela seja novamente exposta a esta informação ao longo de vários anos."

Cursos compactos

"Os resultados mostram que a educação que empacota um grande volume de aprendizado em um curto período é provavelmente extremamente ineficiente, ao menos para a lembrança de informações factuais," diz o psicólogo.

De forma geral, os resultados também dão suporte ao uso de programas de computador projetados especialmente para fornecer revisões periódicas, como o projeto de código aberto (software livre) Mnemosyne.

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