18/04/2019

Curcumina e várias outras substâncias naturais previnem câncer de estômago

Redação do Diário da Saúde
Curcumina e várias outras substâncias naturais previnem câncer de estômago
Além da curcumina do açafrão, vários outros compostos naturais podem proteger contra o câncer de estômago por serem reguladores naturais da atividade de proteínas conhecidas como histonas.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Curcumina

Usada como corante de alimentos, a curcumina - substância encontrada na raiz da cúrcuma ou açafrão-da-índia (Curcuma longa) - é um dos produtos naturais que pode ajudar a prevenir ou combater o câncer de estômago - o terceiro mais frequente em homens e o quinto entre as mulheres no Brasil.

"Fizemos uma vasta revisão na literatura científica de todos os nutrientes ou compostos bioativos com potencial de prevenir ou tratar o câncer gástrico e identificamos que a curcumina é um deles," disse Danielle Queiroz Calcagno, professora da Universidade Federal do Pará.

De fato, a curcumina tem-se mostrado uma arma importante contra diversos tipos de câncer, como todos os cânceres orais, câncer de intestino, câncer de pele e também para evitar metástase.

De acordo com a pesquisadora, compostos como colecalciferol (uma forma da vitamina D), resveratrol (um polifenol) e quercetina (um flavonoide) podem proteger contra o câncer de estômago por serem reguladores naturais da atividade de proteínas conhecidas como histonas. Mas há outros.

Histonas

As histonas formam um complexo, chamado nucleossomo, que funciona como uma matriz em torno da qual o DNA se enrola como uma linha no carretel. Esse núcleo proteico permite compactar o DNA e acomodá-lo no interior das células, empacotado por uma estrutura chamada cromatina.

Uma modificação química na cadeia de aminoácidos das histonas após sua tradução, como a adição de um grupo acetila (acetilação) ou de um grupo metil (metilação), pode afetar a compactação do DNA pela cromatina e, consequentemente, a expressão dos genes.

Curcumina e várias outras substâncias naturais previnem câncer de estômago
A quercetina das cebolas tem alta potência contra o câncer, incluindo o câncer de estômago.
[Imagem: University of Guelph]

Estudos feitos nos últimos anos mostraram que modificações de histonas após sua tradução provocam alterações na expressão de genes sem causar mudanças na sequência de DNA. São as chamadas variações epigenéticas, que influenciam o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.

A fim de avaliar se essa hipótese também se aplicava ao câncer gástrico, pesquisadores de diferentes grupos, um deles coordenado pela professora Marília de Arruda Cardoso Smith, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fizeram estudos do padrão de acetilação de histonas em amostras de células do estômago tanto de pessoas saudáveis como de pacientes diagnosticados com a doença.

As análises revelaram que as células dos pacientes com câncer gástrico apresentavam alterações no padrão de expressão das histonas acetiltransferases (HATs, na sigla em inglês) e desacetilases (HDACs, também na sigla em inglês). Dessa forma, essas alterações conferiam marcas epigenéticas típicas desse tumor.

Substâncias naturais contra o câncer de estômago

Como estudos recentes também indicavam a existência de nutrientes e compostos bioativos capazes de regular a atividade de HATs e HDACs, os pesquisadores da Unifesp e da UFPA fizeram um levantamento de quais dessas substâncias influenciam a acetilação de histonas para identificar quais seriam capazes de ajudar na prevenção e no tratamento do câncer gástrico.

Além da curcumina, outros compostos com papel relevante na modulação de atividade das histonas revelados pelo estudo foram o colecalciferol, o resveratrol (polifenol encontrado principalmente nas sementes de uvas e no vinho tinto) e a quercetina (encontrada em grandes concentrações em maçãs, brócolis e cebolas).

Completam a lista o garcinol, isolado de cascas de kokum (Garcinia indica), e o butirato de sódio, gerado pela fermentação de fibras alimentares por microrganismos da flora intestinal.

"Pretendemos, agora, esclarecer os efeitos anticâncer e epigenético de compostos bioativos da flora amazônica, presentes, por exemplo, no açaí [Euterpe oleracea] e no murici [Byrsonima crassifolia], para que também possam ser usados, no futuro, na proteção contra o câncer gástrico", disse Danielle.

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