Biofábricas
Cientistas dos Países Baixos construíram um cromossomo artificial na levedura, ou fermento.
O cromossomo sintético coexiste com os cromossomos de levedura naturais, o que significa que ele serve como uma plataforma para adicionar novas funções ao microrganismo.
Essa é a "maquinaria" ideal para construir as chamadas "biofábricas", em que microrganismos são convertidos em fábricas vivas capazes de produzir produtos químicos úteis - e até mesmo medicamentos.
Este é um dos empreendimentos mais promissores atualmente nessa área conhecida como biotecnologia, mas também é difícil porque não é possível fazer todas as mudanças no microrganismo de uma vez só; como são necessárias várias etapas de mudanças, isso normalmente leva a mutações que interrompem as funções que se deseja implantar.
É aí que entra o cromossomo artificial, uma vez que adicionar genes a ele não interfere nas funções existentes da célula que se está tentando transformar em biofábrica.
"Vemos nosso cromossomo sintético como uma plataforma. É uma nova maneira de adicionar funções de forma modular e segura ao fermento - um pouco como juntar peças de LEGO," disse a professora Eline Postma, da Universidade de Tecnologia de Delft.
Fábricas vivas microscópicas
Foi um desafio para os pesquisadores "convencerem" as células de levedura a tratar o cromossomo artificial como um cromossomo real. Mas a abordagem finalmente funcionou: As células de levedura copiaram obedientemente o DNA do cromossomo sintético e os pesquisadores encontraram seu cromossomo sintético em células-filhas gerações depois.
O próximo passo lógico será tirar proveito da nova ferramenta, adicionando todos os tipos de funcionalidades ao cromossomo artificial e transformando o humilde fermento de padeiro em fábricas vivas microscópicas.
Os pesquisadores já deram o primeiro passo nesse sentido: Eles adicionaram ao cromossomo uma via biológica para produzir um pigmento proveniente de uma planta que apresenta propriedades medicinais. E, de fato, as células de levedura passaram a produzir a substância, ainda que em quantidades modestas.
"Em teoria, podemos produzir de forma sustentável, usando leveduras, muitas das substâncias que atualmente produzimos quimicamente. No que diz respeito à biotecnologia, estamos realmente vivendo em uma época fantástica," disse a professora Pascale Lapujade, líder da equipe.
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