Previsão de risco
Alterar a maneira como os indivíduos são selecionados para o rastreamento do câncer de pulmão, considerando sua chance de contrair ou morrer vítima da doença, a partir de modelos de previsão de risco, pode impedir 14% dos óbitos por ano devidas à doença.
Pesquisadores desenvolveram uma técnica para coletar mais informações dentre os muitos modelos de previsão de risco desenvolvidos nos últimos anos, que consideram o perfil de fatores de risco de uma pessoa.
A atual triagem do câncer de pulmão é baseada na idade (55 a 80 anos), em quanto os indivíduos fumam (medidos em maços/ano) e por quanto tempo deixaram de fumar. A equipe analisou vários modelos de previsão de risco que consideram comportamento, estilo de vida e histórico familiar para estimar a probabilidade de contrair ou morrer de câncer de pulmão.
E o novo modelo conseguiria evitar 14% a mais de mortes pela doença do que qualquer previsão anterior.
"É importante que as recomendações sobre o rastreamento do câncer de pulmão não levem apenas em consideração o risco de desenvolver câncer de pulmão, mas também a saúde geral e a expectativa de vida do indivíduo," disse Kevin ten Haaf, do Centro Médico da Universidade de Roterdã (Países Baixos). "Isso ajudará a identificar para quem a triagem é mais benéfica e reduzirá os possíveis danos à triagem."
Não exagerar
Embora considerar um cálculo de risco mais preciso tenha resultado em vidas salvas, o aumento na expectativa de vida foi mais modesta. Os pesquisadores dizem que isso tem a ver com o fato de o risco de câncer aumentar com a idade; portanto, indivíduos com alto risco tendem a ser mais velhos quando a expectativa de vida é menor. As recomendações atuais baseadas nos anos de tabagismo e no tempo desde que a pessoa deixou de fumar favorecem a triagem entre indivíduos mais jovens.
"Os resultados deste estudo são de grande importância para a implementação do rastreamento do câncer de pulmão em todo o mundo," disse Rafael Meza, da Universidade de Michigan (EUA). "Estratégias de triagem baseadas em risco têm o potencial de salvar mais vidas. No entanto, ao mudar a triagem para idades mais avançadas, chega-se a um número menor de anos de vida salvas por câncer de pulmão. Isso é importante para os países considerarem, bem como os desafios da implementação do cálculo de risco em contextos clínicos, ao decidir qual estratégia funciona melhor para eles."
Além disso, indivíduos mais velhos com maior risco de câncer de pulmão têm também uma maior probabilidade de estar sujeitos a possíveis resultados negativos devido à triagem, como o sobrediagnóstico, disse Meza.
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