28/02/2018

Comer insetos? Seu estômago não vê nenhum problema

Redação do Diário da Saúde
Comer insetos? Seu estômago não vê nenhum problema
"É interessante que muitas pessoas que gostam de camarão e lagosta achem que os insetos sejam nojentos."
[Imagem: Rutgers University/Divulgação]

Camarão sim, gafanhoto não

Hoje, os insetos fazem parte da dieta tradicional de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo - e são importantes há muito tempo, conforme vários registros na Bíblia, por exemplo.

Muita gente, porém, não consegue imaginar deixar um grilo, um gafanhoto ou um besouro chegarem perto de sua mesa de jantar - quanto mais como parte da refeição.

"É interessante que muitas pessoas que gostam de camarão e lagosta achem que os insetos sejam nojentos. Mas os mariscos são como insetos submarinos," destaca a professora Mareike Janiak, da Universidade Rutgers (EUA).

Contudo, deixando o fator "eca!" de lado, não há nada de errado em comer insetos nos aspectos da nutrição e da digestão.

Foi justamente sobre esse aspecto - a capacidade do corpo humano em digerir os insetos - que a equipe da professora Janiak se debruçou.

"Durante muito tempo, a sabedoria prevalecente [entre os cientistas] era que os mamíferos não produziam uma enzima que pudesse quebrar os exoesqueletos dos insetos, então eles eram considerados muito difíceis de digerir. Hoje sabemos por pesquisas em morcegos e camundongos, e agora com nossa pesquisa em primatas, que isso não é verdade," disse Janiak.

Enzima para digerir insetos

O que a pesquisa mostrou é que quase todos os primatas ainda têm versões funcionais do gene necessário para produzir uma enzima estomacal que quebra os exoesqueletos. A equipe analisou os genomas de 34 primatas, procurando por cópias de um gene chamado CHIA, a enzima estomacal que quebra a quitina, que faz parte da cobertura externa de um inseto.

Alguns primatas, como o társio, nativo do sudeste asiático, que come mais insetos do que qualquer outro tipo de primata, tem cinco cópias do gene. Outros tipos de macacos têm três cópias do gene, enquanto a maioria, o que inclui os humanos, tem pelo menos uma cópia do CHIA.

Ainda assim, a capacidade dos humanos em digerir o exoesqueleto de um inseto ainda é alvo de grande debate na literatura científica. Enquanto alguns estudos mostram que as enzimas do estômago humano são suficientes para digerir a cobertura externa mais dura do inseto, outros pesquisadores dizem não ter encontrado evidências conclusivas sobre isso.

"Infelizmente, a maior parte da pesquisa em humanos até agora foi feita usando participantes da cultura ocidental, em vez de comparar pessoas de várias culturas que realmente comem insetos regularmente," destaca Janiak. "Mas, para os seres humanos, mesmo se não tivéssemos uma enzima, o exoesqueleto torna-se muito mais fácil de mastigar e digerir depois de cozido."

Em todo o mundo, 1.900 espécies de insetos são consideradas comestíveis e fontes de alimento altamente nutritivas, com gorduras saudáveis, proteínas, fibras, vitaminas e minerais essenciais.

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