Da bochecha ao cérebro
Fazer um furo através do crânio, avançando profundamente no cérebro, até chegar ao ponto necessário para destruir a pequena área onde se originam as convulsões.
Pacientes mais severamente afetados pela epilepsia sabem o quanto um procedimento desses pode ser invasivo, perigoso e exigir um longo período de recuperação.
Para minimizar esses impactos, uma equipe da Universidade de Vanderbilt (EUA) decidiu enfrentar as crises epilépticas de uma forma menos invasiva.
Como a área do cérebro envolvida nas convulsões é o hipocampo, localizado na parte inferior do cérebro, eles desenvolveram um dispositivo robótico que entra no cérebro por baixo, com um furo através da bochecha.
Isso evita a perfuração do crânio e afeta muito menos o cérebro, uma vez que o instrumento cirúrgico chega já mais próximo da área alvo.
Memória de forma
A desvantagem do acesso ao hipocampo pela bochecha é que o caminho é curvo.
Para solucionar esse inconveniente foi necessário desenvolver um novo instrumento cirúrgico, feito de uma liga metálica especial que apresenta "memória de forma" - quando ligeiramente aquecida, a agulha "lembra-se" de seu formato anterior, mudando de forma.
A agulha de níquel-titânio tem a estrutura de uma antena de rádio, com tubos concêntricos que avançam empurrados por ar comprimido, um milímetro de cada vez. Conforme cada seção é liberada, ela é aquecida de forma a assumir a curvatura necessária.
Isto permitiu não apenas guiar o instrumento precisamente ao longo de um caminho curvo, como também abriu a possibilidade de realizar a cirurgia usando uma plataforma robótica que pode operar dentro de um equipamento de ressonância magnética, dando aos cirurgiões uma possibilidade de controle muito maior.
A próxima fase do desenvolvimento do robô cirúrgico consistirá em testes em corpos humanos sem vida.
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