08/01/2019

Cientistas pedem banimento total dos inseticidas organofosforados

Redação do Diário da Saúde

Organofosforados

Já existem evidências suficientes de que a exposição pré-natal a inseticidas amplamente usados, conhecidos como organofosforados, coloca as crianças em risco de desordens do desenvolvimento neurológico.

Quem garante são especialistas em saúde pública da Universidade da Califórnia em Davis (EUA).

Em uma revisão científica e um apelo à ação publicados pela revista PLOS Medicine, os pesquisadores pedem uma intervenção governamental imediata para o banimento de todos os organofosforados.

"Há fortes evidências de que a exposição de mulheres grávidas a níveis muito baixos de pesticidas organofosforados está associada a um QI mais baixo e a dificuldades de aprendizagem, memória ou atenção em seus filhos," disse Irva Hertz-Picciotto, coordenadora da revisão.

"Apesar de um único organofosforado - o clorpirifós - ter estado sob os holofotes nacionais, nossa análise implica toda a classe desses compostos," acrescentou.

Armas químicas em uso

Originalmente desenvolvidos como armas químicas e gases nervosos, os organofosforados hoje são usados para controlar insetos em fazendas, campos de golfe, shoppings e escolas. Eles matam as pragas bloqueando sua sinalização nervosa.

"Não deveria ser surpresa que os estudos confirmem que essas substâncias alteram o desenvolvimento do cérebro, uma vez que foram originalmente projetadas para afetar adversamente o sistema nervoso central," disse Hertz-Picciotto.

As pessoas podem entrar em contato com esses produtos químicos através da comida, da água e do ar. Como resultado, os pesticidas organofosforados são detectados na grande maioria das pessoas, segundo a pesquisadora.

Embora os limites existentes para os organofosforados tenham reduzido a exposição, os autores da revisão afirmam que isso não é suficiente. Com base em mais de 30 estudos epidemiológicos e estudos experimentais em animais e culturas de células, eles acreditam que as evidências são claras: a exposição a organofosforados antes do nascimento, mesmo em níveis atualmente considerados seguros, está associada a um pior desenvolvimento cognitivo, comportamental e social.

"O envenenamento agudo é trágico, é claro, mas os estudos que analisamos sugerem que os efeitos de exposições crônicas e de baixo nível sobre o funcionamento cerebral persistem durante a infância e a adolescência e podem ser vitalícios, o que também é trágico," detalhou Hertz-Picciotto.

Recomendações

Até que um banimento total dos organofosforados ocorra, os pesquisadores recomendam:

  • Maior educação dos médicos e enfermeiros sobre os organofosforados para melhorar o tratamento e a orientação aos pacientes, evitando exposições.
  • Treinamento para trabalhadores agrícolas em sua linguagem (modo de falar) no manejo adequado e aplicação de pesticidas organofosforados.
  • Maior uso de alternativas menos tóxicas e transição para medidas sustentáveis de controle de pragas.

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