01/11/2022

Cheiro e sabor de comida pode fazer você viajar no tempo

Redação do Diário da Saúde
Cheiro e sabor de comida pode fazer você viajar no tempo
Depois de ser exposto a um sabor de um prato do qual tinha uma memória emocional, o participante deu uma memória mais detalhada dos acontecimentos.
[Imagem: Lancaster University]

Memórias culinárias

Pessoas expostas aos sabores dos alimentos de que se lembram que gostavam - na infância ou na juventude ou em momentos emocionalmente importantes - conseguem "viajar no tempo", de volta ao passado, recuperando uma memória muito mais aprimorada dos eventos.

Trabalhando com um grupo de 12 idosos, pesquisadores começaram pedindo que eles contassem dezenas de lembranças que tinham de acontecimentos passados, com a única exigência de que metade deveria envolver comida. Para fazer um registro melhor, cada voluntário contou cada história duas vezes.

As lembranças variaram largamente, das comidas da infância ao peixe assado em uma festa de bodas de ouro ou comer morangos no hospital após o parto.

Os cientistas e os voluntários então foram para a cozinha, com a equipe de pesquisa tentando recriar com a maior fidedignidade possível as comidas presentes nas lembranças de cada um. É claro que eles simplificaram tudo, usando uma impressora 3D para fabricar pequenas bolas comestíveis, semelhantes a um gel, modelando o alimento original, mas tornando-o mais fácil de engolir e, curiosamente, com sabores mais intensos.

A seguir, cada voluntário comeu sua bolota e contou mais uma vez a mesma história na qual aquela comida estava envolvida.

Todos os participantes foram capazes de fornecer não apenas relatos sensoriais mais ricos da comida original, como também se lembraram de detalhes dos eventos que não apareceram em nenhum dos relatos anteriores.

Múltiplos sentidos

Um resultado impressionante foi o grande número de memórias estimuladas por sabores que foram lembrados com fortes sentimentos de ser transportado de volta no tempo.

O mero ato de comer a bolota foi vista como uma reencenação corporal do evento original: "Isso meio que desencadeia mais algumas sensações. Talvez quando você está provando, você se imagine lá," disse a professora Corina Sas, da Universidade Lancaster (Reino Unido).

Os pesquisadores afirmam que sua pesquisa tem uma relevância especialmente importante para os cuidados com os vários tipos de demência e problemas de memória, que pode ser reforçada com a ajuda de outros sentidos.

Checagem com artigo científico:

Artigo: It took me back 25 years in one bound: self-generated flavor-based cues for self-defining memories in later life "
Autores: Tom Gayler, Corina Sas, Vaiva Kalnikaite
Publicação: Human-Computer Interaction
DOI: 10.1080/07370024.2022.2107518
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